foto de Ana Laura

[email protected]

Já pararam para pensar que vivemos em um mundo cheio de modinhas? Todo dia o mercado nos apresenta milhares de novos produtos tecnológicos ou não, sejam eles os celulares requintados, que nos fazem sentir uma felicidade imensa ao adquiri-los, as máquinas fotográficas que fazem “milagres”, pois conseguem captar a alegria e a realização das pessoas, mesmo que não estejam sentindo o que a fotografia nos mostra. Os milhares de desafios que vemos na internet todos os dias, duelos de jovens que tapam a respiração, a fim de ganharem milhares de visualizações nos seus vídeos, prejudicando seu próprio corpo e saúde. Infelizmente, a maioria das pessoas não vive mais e sim capturam momentos com os seus aparelhos tecnológicos. Quantas vezes vi algo extraordinário, que me chamasse à atenção e, simplesmente, não olhei com os meus próprios olhos? Fiquei apenas preocupado em manter meus “amigos” das redes sociais atualizados, depois vi tudo pela tela do meu telefone. Em vários momentos me senti prejudicado, pois quando levei a mão no meu bolso para procurar o meu telefone para registrar algum momento, o mesmo já tinha passado. Já presenciei a passagem de uma estrela cadente, a passagem do cometa Halley, mas não os vi, pois quando digitava a senha para desbloquear meu telefone, eles já tinham estampado o céu. Poxa! Não sei se terei a oportunidade de ver o cometa passar novamente. Compramos o melhor celular da loja para mantermos aquele status e poder de super-herói. Em minha casa já não interagimos mais, cada um com seu telefone na mão, estamos nos atualizando uns sobre a vida dos outros via rede social. Já não temos o mesmo diálogo que tínhamos 10 anos atrás, em que chegava da escola e meus pais me perguntavam como fora o meu dia escolar. Às vezes, quando a bateria dos nossos aparelhos acaba, procuramos alguém para conversar, olho no olho, mas nos esquecemos de que eles também estão abitolados em seus smartphones. Sinto solidão, carência, vistas cansadas, pois os diversos amigos das minhas redes sociais não estão aqui em minha casa quando mais preciso e considero pouquíssimos, os quais nos agregam valores. Mesmo assim preferimos dar atenção a uma tela de celular. Tornamo-nos mais fúteis com a passagem do tempo, os psicólogos e psiquiatras nunca foram tão procurados por nós. Sinto pena em ver as crianças de dois anos de idade se aquietando de uma birra só depois que seus pais entregam um celular com acesso à internet. Além disso, sinto saudade do tempo em que sentávamos na rua, nos finais da tarde e minha mãe nos via andar de bicicleta, às vezes precisava levantar a voz para entrarmos para as nossas casas, hoje, lutam para que seus filhos deixem suas casas em busca de uma diversão, que não seja o vídeo game. Não coloco toda a culpa na tecnologia, pois os imprudentes de toda essa história somos nós mesmos.  Ainda fico tão triste de ver tantos jovens perdendo suas vidas, diariamente, violentamente, por brigas desnecessárias e por constantes bebedeiras.  Perdemos o amor pelo próximo. Nós nos ofendemos o tempo todo pelas nas redes sociais, pessoalmente também, levantamos a voz quando alguém se esquece de dar seta enquanto dirige, um pequeno erro no trânsito muitas das vezes já é motivo de agressão física. Criticamos uns aos outros, compartilhamos vídeos e fotos indevidas de outras pessoas, nem sequer ligamos com o sentimento alheio. Por que ainda existe tanto preconceito e intolerância com o outro? Para onde estamos caminhando? Não consigo ver caminho de volta, cavamos um buraco tão fundo que já não conseguimos ver uma luz de saída.

Nesse sentido, podemos perceber o quanto as pessoas estão se tornando alienadas, ou seja, não se dão conta da realidade, muitas se tornaram completamente dependentes dos seus aparelhos eletrônicos, de forma a não valorizar mais o que se passa ao seu redor, acontecimentos e sentimentos que despertariam nelas o verdadeiro significado de alegria e de momento ímpares em sua vida, como dito acima, esses acabam sendo desconsiderados por elas mesmas. Outro fator advindo de indivíduos que se tornam alienados da realidade é a dificuldade em desenvolver o senso crítico, isto é, reproduzem de forma automática assuntos inverídicos sem se ter o cuidado e a curiosidade em aprofundar no assunto ou buscar conhecimento sobre.

Dessa forma, é necessário que haja consciência por parte dos indivíduos a fim de conter essa alienação, seja ela social,econômica ou intelectual, uma vez que, tende a tornar as pessoas ainda mais individualistas, e assim, são manipulados, passando a não mais compreender a realidade e agem de modo indiferente aos mais diversos acontecimentos importantes da sociedade.

Obs:  A autora é natural de Uberlândia e cursa Direito.

José Roberto Matias também participou da elaboração do texto acima

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]