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Foi sonho ou vi mesmo a imagem que passou caminhando, como quem flutua, no corredor silencioso da casa?
Foi sonho ou senti aquela sensação de eternidade que me percorreu o corpo inteiro quando mãos levemente frias acariciaram meu corpo e lábios mornos, leves me beijaram na madrugada?
Foi sonho ou a plenitude do gozo, a languidez do abandono que me envolveu por inteira e que me deixou flutuando dentro e fora da realidade?
Vou sonhar novamente para saber.
Bastava fechar os olhos e abrir uma porta para um outro mundo. De repente, tudo estaria lá, real, vivo à minha frente, deslizando pelas paredes alcançando a porta e, feito quadros pendurados nas salas e nos corredores as cenas se desenrolariam. Isto, sempre, durante todos aqueles anos decorridos num átimo de tempo e que agora me parecia uma eternidade. Minha vida era o assunto de uma longa história cheia de lutas, derrotas e desistências. Ê verdade que algumas vezes pensei em parar de lutar, aguardar que fizessem que tudo acontecesse por milagre. Valeria a pena esperar? A única coisa que tenho de real, de verdadeiro é o sonho. Desde que comecei a aprender o mundo, entendi que o homem sem sonhos não é nada. Meus pensamentos destacavam-se um a um em detalhes, sem explicações, um mundo que me parecia obscuro onde eu me reconhecia quase intolerável. Davam-me notícias de um ontem que tenho vontade de esquecer, apagar da minha história jogar num escuro qualquer desses que guardo comigo. E se ficasse no meio do caminho? Como saber a hora de parar ou seguir?
Obs: Texto do livro da autora –Morte Cega –