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Dindon era um indivíduo que tinha a pele fina e de cor branca, olhos azuis e cabelos loiros, com ótima aparência e uma excelente educação.
Surgiu em um bairro pobre do Recife, e aparentava ter uns sessenta anos.
Era desconhecido, não tinha amigos.
Com alguns trocados que pedia, tomava aguardente até cambalear, e por sair cambaleando, logo foi apelidado por alguns meninos que ficavam a sua volta.
Três meses passados, todos já o conheciam, era a diversão dos garotos do bairro; não sabíamos nada sobre sua família, sua vida particular, de onde viera e como.
Sua cama era algumas páginas de jornal forradas no banco da praça e sua casa, a praça.
Vivia com a mesma roupa que ali aparecera; cabelos crescidos, barbudo e sujo, alimentava-se apenas com resto de comida que alguma criança bondosa trazia.
Quando aparecia alguém que lhe dava um trocado, logo seria transformado em aguardente.
De vez em quando chegava um envelope lacrado endereçado à barraca onde ele bebia, mas sem o endereço do remetente, tendo no destinatário: Dindon.
Jamais soubemos seu verdadeiro nome, pois não tivemos oportunidade de conversar com ele sóbrio.
Apesar de beberrão era uma pessoa que estava sempre a servir, não trabalhava porque não tinha condição, andava sempre balançando feito chocalho de sino (daí seu apelido), falava com alguém poucas palavras com sotaque lusitano.
Certo dia Dindon amanheceu caído na praça, chamaram a polícia, estava morto.
Em seus bolsos foram encontrados diversos envelopes, e dentro de um deles o endereço do remetente e toda sua história.
Dindon foi um rico empresário português que abandonara tudo em sua terra natal, porque teria sido traído por sua esposa, com seu irmão mais novo.
Veio para o Brasil, e se comunicava apenas com uma irmã, que guardava sigilo de seu paradeiro.
Depois que todos descobriram sua história, mandaram fazer uma placa de bronze e a colocaram no banco da praça, com os seguintes dizeres:
“AQUI MOROU UM RICO EMPRESÁRIO PORTUGUÊS”
DINDON!