Faltavam poucos dias para o Natal quando topei com Papai Noel. Estava bêbado. Parou na minha frente e pediu-me um trocado. Dei-lhe o dinheiro e brinquei: “Espero que neste ano o senhor se lembre do meu presente”. Ele me olhou, sério. “Não se preocupe, rapaz”, respondeu. “Seu presente já está reservado.” E, com o polegar sinalizando para cima, completou: “Pode acreditar que desta vez ele vem”.
Dito isso, deu-me as costas e, antes de partir, ainda repetiu: “Virá, sim. Desta vez não falha”. Sua mão mantinha o polegar levantado. “Um belo presente. Aguarde.”
Dias depois já não me lembrava mais desse episódio. Estávamos todos em casa. O Natal finalmente chegara.
Na noite festiva, minha mulher entregou-me um embrulho bonito, entrelaçado por fita vermelha. “Seu presente”, sussurrou-me ao ouvido.
Desembrulhei. Dentro havia apenas uma folha azulada. Trazia o resultado de um exame. De imediato veio-me à lembrança o sinal que o bêbado fizera em nosso encontro.
POSITIVO.
Lágrimas de alegria ressuscitaram minha crença em Papai Noel.
Obs: O autor é escritor e editor. Também é sócio-proprietário da Editora Penalux.