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A liturgia pascal nos faz meditar sobre alguns dados da teologia cristã sobre a Morte. Mas a morte não é o éskaton (final) decisivo do homem. Pelo contrário, a morte é que nos leva à glória. Lembramos que a única resposta à morte é a ressurreição de Cristo.
Cantávamos nas Vésperas da Semana Santa: “Eis que a vitória reluz:/ a vida em ti fere a morte/ morte que à vida conduz.” No tempo pascal, a liturgia nos diz no Ofício das Leituras: “Que pode haver mais sublime do que a culpa procurar o perdão, o amor destruir o medo e a morte trazer vida nova?” Na Santa Missa, cada dia, respondemos à proclamação “Eis o mistério da fé!”: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte (o fato salvífico passado), e proclamamos a vossa ressurreição (a realidade salvífica presente). Vinde, Senhor Jesus (a consumação futura da salvação)!” Na Epístola aos Hebreus, lê-se: “Vemos Jesus coroado de glória e esplendor por ter sofrido a morte ( 2, 10). É o caminho pascal já anunciado por Jesus: o Pai o glorificará pela sua morte.
A nossa vida é toda ela esse caminho pascal – pelo trabalho, pelo sofrimento, pela dor, chegamos ao êxito, ao resultado, ao triunfo. Diz-nos a Sagrada Escritura: Militia est vita hominis super terram” – “a vida do homem nesta terra é um combate”. Nas pequenas conquistas de cada dia, a consecução de um ideal, uma promoção, uma realização pessoal, tudo se consegue com luta, com sacrifício, com uma cota proporcional de sofrimento. Assim, a nossa grande conquista da vida – o prêmio eterno – só será obtida mediante a dor, o sofrimento, que culminam na morte. No caminho da vida, temos muitas atrações do prazer, das gloríolas mundanas, que tentam nos afastar do rumo certo de nossa existência cristã. Mas é à luz da cruz de Cristo, seguindo seu caminho pascal, que chegaremos à glória e à vitória final.
Para isso, precisamos de fé e de fortaleza. A fé nos faz ver o caminho certo para nossa meta final. A coragem, amparada pela graça, dá-nos a força de vencer as tentações e superar os desvios de nosso peregrinar terrestre.
A Liturgia da Igreja faz-nos viver nestes dias as alegrias da Páscoa do Senhor. . Mas é também a nossa Páscoa, isto é, como dizemos na vigília pascal, a nossa glória de, sepultados com o Cristo em nosso Batismo por sua morte redentora, com Ele ressurgirmos para uma vida nova, a vida da graça, a vida no Espírito. Como nos adverte São Paulo: “Se ressuscitastes com o Cristo, procurai o que está no alto, lá onde se encontra Cristo. É no alto que está a vossa meta, não na terra. (Col 3, 1,2)” As coisas do alto são as coisas do espírito e não da carne, são as coisas de Deus e não do mundo.”
Podemos concluir estas considerações com as palavras de uma poesia do teólogo argentino Sebastián Politi: “Cristo é o conteúdo da esperança dos seres humanos. O que ocorreu com Ele ocorrerá também com eles. E como será? Será um fogo, um estrondo, um raio-luz comovedor, uma tempestade, uma música infinita… Amém! Vinde, Senhor Jesus!”
(*) Arcebispo emérito de Maceió