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INTRODUÇÃO

 É necessário pensar acerca da Educação de Jovens e Adultos – EJA, porque esta modalidade é um recomeço na vida de muitos alunos que por motivos pessoais não conseguiram concluir ou prosseguir na escalada do saber.

Conforme destaca Arroyo as visões em relação as condições sociais, políticas, e culturais dos alunos de EJA têm condicionado as diversas concepções da educação que lhes é oferecida, “os lugares sociais a eles reservados – marginais, oprimidos, excluídos, empregáveis, miseráveis…– têm condicionado o lugar reservado a sua educação no conjunto das políticas públicas oficiais” (2001, p.198).

É notado frequentemente que muitos professores brasileiros ainda têm dificuldades em atingir os objetivos traçados por esta modalidade, que está baseada na reinserção do indivíduo na sociedade de forma que este adquira a condição de cidadão crítico na mesma. Portanto, identificar o ensino das ciências biológicas na EJA é importante para dar contribuições aos professores na ação-reflexão-ação de como funciona a modalidade EJA e de buscar alternativas para obter melhores resultados na educação escolar.

O artigo busca identificar como está a situação do trabalho pedagógico realizado por professores de biologia na modalidade de Educação de Jovens e Adultos – EJA e fazer análise do trabalho pedagógico quanto a natureza tradicionalista ou emancipadora. Neste, há reflexões sobre a relação Educação de Jovens e Adultos: expectativas e formação dos estudantes. Em seguida traz discussão acerca EJA e ensino de biologia: campo e proposições. Também apresenta considerações sobre trabalho pedagógico inovador: ideia e realização. Por fim, é feito registro de estudo de caso: intenção e realização “O Trabalho pedagógico de professores de biologia na modalidade Educação de Jovens e Adultos”.

Educação de Jovens e Adultos: expectativas e formação dos estudantes

 De um modo geral, os sujeitos da EJA são vistos e tratados muitas vezes como aprendentes, sem identidade, qualificados sob diferentes nomes, relacionados diretamente ao chamado “fracasso escolar”. O que converge o olhar para o discurso escolar que os trata, em primeira instância, como os repetentes, evadidos, defasados, aceleráveis, deixando de considerar a condição humana desses sujeitos, que é algo indispensável para o processo educacional (ARROYO, 2001).

A Educação de Jovens e Adultos abarca, em linhas gerais, processo formativo de natureza diversa, cuja efetivação acontece a partir da interação de uma variedade de atores, envolvendo, de um lado, o Estado, as organizações da sociedade civil e o setor privado, entre outros, e, de outro, uma gama de sujeitos tão diversificada e extensa quanto são os representantes das camadas mais empobrecidas da população (negros, jovens, idosos, trabalhadores, populações rurais, entre outros). Faz parte desse cenário trabalhadores e não trabalhadores; das diversas juventudes; das populações das regiões metropolitanas e rurais; dos internos penitenciários, contingentes esses que, na maioria, são formados por jovens; afrodescendentes; como também portadores de necessidades especiais, entre outros (ANDRADE, 2004).

Neste sentido, é necessário a intervenção de diversas camadas da sociedade, tanto o Estado como o povo que teve acesso a escolarização e educação de qualidade social, para criação de espaços nos quais essa modalidade seja lugar de reconstituição da cidadania, democratização e identidade dos sujeitos que estão fazendo parte deste contexto. Não permitindo que estes saiam novamente da escola sem nada acrescentando de valor reincidente, que os leve a uma nova percepção das situações que estão ao seu redor, principalmente política. O que torna imprescindível formar seres críticos e protagonistas da sociedade democrática.

EJA e ensino de biologia: campo e proposições

A Educação Pública de qualidade e socialmente referenciada é desejo de muitos educadores, da sociedade civil e famílias brasileiras. Em harmonia com esta premissa o trabalho pedagógico deve ser norteado, guiado, objetivado, claro, organizado, pois só assim que os resultados são mais preponderantes e mais eficientes.

As Orientações Teórico-Metodológicas (OTMs) da EJA da Secretaria de Educação dizem que o principal objetivo do ensino de ciências naturais nesta modalidade é possibilitar as pessoas espaços de construção de saberes em sintonia com a responsabilidade socioambiental e ética, condição imprescindível para formação de um cidadão crítico e participativo. E isto acontece de modo especial a partir do momento em que os estudantes da EJA aprendem conhecimentos da biologia, física e química. E para isto os professores desta modalidade precisam ter como referenciais os parâmetros curriculares e orientações teórico- metodológicas, para assim poder traçar metas e objetivos mais adequados aos interesses educacionais emancipatórios. (PERNAMBUCO, 2012)

As ciências naturais, entre outros objetivos tem a finalidade de formar pessoas cidadãs com consciência socioambiental e conhecedoras dos desenvolvimentos e avanços científico- tecnológico,  neste  ponto  de  vista  a  biologia  instigará  as  novas  gerações  de  estudantes a quererem aprender mais sobre medicina, ciências ambientais, éticas e filosóficas a respeito dos seres vivos. Quatro grandes dimensões estão relacionadas a importância do trabalho do ensino de Biologia. São elas: ambiental, médica, ética e filosófica, cultural e histórica. Tais dimensões relacionam, esses pontos estruturais, com a perspectiva para o ensino desta área, tais como o enfoque naturalístico, da Biologia aplicada, da bioética e do multiculturalismo. Portanto, é de suma importância lecionar biologia, porque ela consiste em trazer os saberes que estão diretamente ligados a vida, não só em aspecto unilateral, mas em aspectos gerais que contribuem para o desenvolvimento, permanência, e melhoramento da vida, seja com os conceitos da biologia aplicada ou dos conceitos mais relacionados aos arranjos e contornos gerais apenas para difusão do conhecimento da vida (KRASILCHIK, 2008).

Trabalho Pedagógico inovador: ideia e realização

O trabalho pedagógico é caracterizado por atividades humano-intelectuais que tem o caráter de pensar o fazer, planejar a ação, concentrar ideias intelectuais acerca do conhecimento tratado para atingir finalidades ou objetivos que visem a melhoria qualitativa  do desenvolvimento cognitivo daqueles que irão ser o objeto de ação pedagógica (os estudantes).

Neste sentido o trabalho pedagógico como atividade humano-intelectual vai além de um tempo determinado, ou melhor, não tem cronograma fixo para que ele aconteça, pois o mesmo precisa ser pensado a luz da concentração nos vários momentos da formação docente de cada educador que utiliza a ação-reflexão no sentido de aprimorar seu conhecimento. Bezerra e Silva advertem “É no tempo do trabalho pedagógico dedicado à laboralidade do conhecimento que se multiplicam e intensificam as intuições e as ideias, que não pode ser racionalmente controlado” (2006, p.6).

Assim o professor de biologia que atua na modalidade de EJA precisa ter a concepção coerente de trabalho pedagógico e pensá-lo de forma consciente e minuciosa para fazer com que a biologia tenha sentido em ser estudada e aprendida; esteja no cotidiano dos alunos; seja contextualizada no cenário político-pedagógico e que gere nos alunos a vontade em querer estudar e adquirir mais conhecimento. Para isso, é crucial que o professor antes da prática exerça o planejar para criar plano de trabalho que promova a construção de saberes.

Em relação ao que seja o conceito de inovação pedagógica Saviani fala que inovação educacional é entendida como “colocar a experiência educacional a serviço de novas finalidades” (1995, p.30) isto é, para se inovar é preciso partir do questionamento das finalidades da experiência educacional. Em decorrência, é compreendido que toda inovação educacional, explicita ou implicitamente, questiona a finalidade da ação educativa que em desenvolvimento na busca novos meios que adéquem às pautas da educação.

A inovação pedagógica não é apenas o professor modificar a aula para um contexto dinâmico ou fazer a aula parecer que mudou através de uma interatividade gerada pela preparação de algo diferenciado, e sim fazer uma ruptura de paradigma afim de que todos os alunos sintam uma mudança que os leve a racionalizar aquilo que está sendo trabalhado e os desperte uma visão crítica, com atitudes responsáveis frente ao mundo.

Estudo de caso: intenção e realização

“O Trabalho pedagógico de professores de biologia na modalidade Educação de Jovens e Adultos” corresponde a nomenclatura designativa do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC em formato monografia apresentado no Curso de Licenciatura Plena em. Ciências Biológicas em 2015, em sintonia como o projeto “O trabalho pedagógico do professor na Educação Básica” cadastrado no Sistema de Informações sobre Pós-graduação e Pesquisa – SISPG da Universidade de Pernambuco – UPE, campus Mata Norte.

A investigação que teve como perguntas de partida:1. Como é constituído do trabalho pedagógico de professores de biologia na modalidade Educação de Jovens e Adultos EJA no Ensino Médio? 2.Quais os espaços para inovações pedagógicas preconizadas e implementadas na escola pública com base nos referenciais curriculares na modalidade EJA.

METODOLOGIA

A pesquisa possui natureza qualitativa e foi realizada em Escola Pública do município de Goiana – PE. Como instrumentos de recolha de dados optou-se pelo: levantamento de referenciais curriculares da modalidade EJA; entrevistas com (02) duas professoras que lecionam biologia na modalidade de jovens e adultos, e com 20 (vinte) alunos do primeiro, segundo e terceiro ano, uma turma de cada ano. O quantitativo de estudantes corresponde a mais de 60% dos alunos de cada sala. Os educandos foram escolhidos aleatoriamente sem preferência de sexo. Assim, a partir da análise do trabalho pedagógico destas duas professoras que são as responsáveis por socializarem os conhecimentos biológicos e desenvolverem o crescimento cognitivo dos alunos, é identificado como está a situação do ensino de biologia  na EJA.

Após fazer a pesquisa bibliográfica para construir embasamento teórico, realizou-se a pesquisa de campo com coleta dos dados necessários a análise do trabalho pedagógico dos professores de biologia da EJA.

Vale ressaltar que esta pesquisa não concede uma visão da macrosituação desta modalidade na Educação Brasileira, mas favorece dados importantes de como está a realidade nesta escola e possivelmente nas outras, visto que os trabalhos nesta modalidade não são muito divulgados e nem os autores de educação abordados comentam e discutem pesquisas com destaques de escolas com trabalho pedagógico exitoso.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Inicialmente foi solicitado dados de identificação das docentes. A professora 1 possui 36 (trinta e seis) anos de idade, graduada em história e tem especialização também na área de história, trabalha no EJA a 4 (quatro) anos e leciona biologia. Neste caso mostra que na escola há uma escassez de professores de biologia. A professora 2 não quis informar a idade, é graduada em biologia e tem especialização na área de ciências biológicas, trabalha no EJA a 5 (cinco) anos.

Na segunda questão da entrevista, foi-se perguntado sobre a quantidade de formações ou cursos que as professoras teriam feito, e a professora 1 respondeu que fez um curso de “Educação de Jovens e Adultos – Inclusão social” a professora 2 não fez curso sobre a modalidade. Neste contexto, é observado que há um déficit no que diz respeito a formação continuada, de modo particular, sobre a modalidade de Jovens e Adultos que pode acarretar falhas no trabalho pedagógico, pois não há uma dimensão mais amplificada sobre grandes aspectos da modalidade, tendo apenas como base a experiência com turmas de ensino regular e com anos anteriores com a própria EJA.

A insuficiência da formação continuada do professor pode acarretar danos na educação de jovens e adultos, pois não significa formar tão somente para saber ministrar conteúdos, mas também para estimular a reflexão, a crítica e o aprendizado mais amplo do educando (FRANCO e SILVA, 2009).

Na terceira questão, foi interrogado sobre o conhecimento dos PCNs e as OTMs de biologia e de que modo utilizavam esses referenciais como base para a realização do trabalho pedagógico, e ambas as professoras disseram que utilizavam os mesmos como apoio ao trabalho pedagógico. Durante a entrevista, o pesquisador notou que ambas não tinham tanto domínio sobre as OTMs, mas as mesmas disseram que as conheciam e utilizam.

Na quarta questão, a pergunta foi feita em relação ao planejamento das aulas no que diz respeito aos objetivos, quanto a serem voltados para reflexão e prática da cidadania, a professora 1 respondeu que não conduzia os objetivos da aula para uma prática cidadã, mas planejava as aulas da EJA, ou seja, o encaminhamento sendo mais tradicional com  finalidade de transmissão de conhecimentos. A professora 2 respondeu que sempre dirigia as aulas para uma dimensão de construção de um pensamento de prática cidadã através da biologia.

Com base nestas divergentes respostas das professoras é evidenciada a influência da formação acadêmica das mesmas no trato do pensar os objetivos a serem alcançados, a primeira professora mesmo com formação em história, indica falta de sinalização para formação cidadã, já a segunda professora com formação em ciências biológicas destaca o compromisso social na formação dos educandos.

Quando perguntadas na quinta questão sobre as aulas que são planejadas para EJA serem da mesma forma que no ensino regular, a professora 1 respondeu que não delineava da mesma forma, pegava mais “leve” nas turmas de EJA, porque são trabalhadores e não tem muito tempo para estudar; já a professora 2 respondeu que esboçava as aulas da mesma forma que o regular, a diferença estava só na avaliação que era ajustada ao tempo dos estudantes da EJA por serem mais atarefados. Aqui é notado que ambas não possuem uma visão amplificada do trabalho pedagógico da modalidade EJA, porque a primeira professora desconsidera, em grande parte, as potencialidades dos indivíduos da EJA não observando que através de um trabalho crítico-reflexivo através da ciência pode chegar a resultados favoráveis, e a segunda professora volta a uma prática pedagógica, dentro de seu trabalho pedagógico, tradicional e também não tem a dimensão ampliada do perfil dos estudantes da EJA para os alunos de ensino regular. Vale refletir que a segunda professora aponta ter uma consciência de que os estudantes da EJA e os de ensino regular deve ter o mesmo padrão de qualidade de ensino, tendo a perspectiva de que qualidade de ensino está relacionada apenas com a transmissão assegurada de conceitos da disciplina.

Na sexta questão, foi indagado as professoras com base nas experiências em EJA quanto a concordância com o pensamento de Arroyo, (2001) que fala que estudantes da EJA têm condicionado as diversas concepções da educação que lhes é oferecida, como indivíduos oprimidos, que não obtiveram sucesso, repetentes, marginais, entre outras. A professora 1 respondeu que os alunos não apresentam condicionamento a essas concepções, pois eles têm o mesmo potencial que os outros estudantes. A professora 2 respondeu também que não, porque eles possuem uma série de conhecimentos adquiridos na escolarização anterior e nas experiências de vida.

Através destas respostas as professoras não têm tanta percepção sobre os fatos que estão ocorrendo com os indivíduos da EJA, porque eles apresentam esse quadro característico de serem considerados como o autor supracitado os trata visivelmente, ao chamar a atenção que para muitos são vistos como coitados que precisam de todas as facilidades no processo ensino-aprendizagem para receber o reconhecimento de conclusão de ensino fundamental e médio, porém é só o certificado porque vão sair com as mesmas formas de pensar.

Na sétima questão foram arguidas sobre o choque ideológico proporcionado pelos conhecimentos empíricos dos estudantes e os conhecimentos científicos proporcionado pela biologia. A professora 1 respondeu que não há embates, chegam a mesma conclusão do ponto de vista científico apenas; neste caso, é notado que a professora não instiga muito bem a percepção crítica do meio natural que os estudantes possuem. A professora 2 diz que há colisões, mas ela respeita e ajudam a eles construírem um novo saber. Novamente pode ser percebido a diferença que há nos trabalhos das professoras devido a formação, lembrando que a primeira professora por não possuir formação acadêmica na área de ciências biológicas não tem uma visão de como lhe dar com as situações que requer direcionamentos e formações mais específicas.

Na oitava questão, a pergunta foi relacionada ao pensamento de Krasilchik (2008), sobre as quatro grandes dimensões estão relacionados a importância do trabalho do ensino de Biologia. São elas: ambiental, médica, ética e filosófica, cultural e histórica, no caso, quanto condução dada pelas professoras no trabalho na EJA com base na concepção, de formar um cidadão com essas percepções. A professora 1 disse que sim, ela direciona para esta concepção. A professora 2 informou que trabalha com o objetivo de formar um estudante com práticas cidadãs, mas não trabalha necessariamente com os quatro eixos trazidos pelo autor.

As professoras não apontam o trabalho para as quatro dimensões defendidas pelo  autor, fica notório que elas ao longo das aulas abordam ou citam algumas dessas importâncias, porém sem ser proposital ou pensando em colocá-las como objetivo do trabalho. E como consequência, o trabalho pedagógico com a finalidade de formar pessoas cidadãs com consciência socioambiental e conhecedoras dos desenvolvimentos e avanços científico- tecnológico fica comprometido.

Na nona questão, a pergunta foi relacionada a uma intervenção através da inovação pedagógica, da preocupação em fazer intervenção para gerar consciência emancipadora e crítica dos estudantes da EJA. A professora 1 disse que sim, intervia com vídeos onde mostram os paradigmas cotidianos. A professora 2 também falou que fazia a inclusão de vídeos sobre o assunto. Com essas “intervenções” ditas pelas professoras é visualizado déficit no quesito inovação pedagógica, pois como diz Cardoso “A inovação não é uma mudança qualquer. Ela tem um carácter intencional, afastando do seu campo as mudanças produzidas pela evolução “natural” do sistema…” (1994, p.30). É necessário trazer inovações pedagógicas afim de que a tentativa de mudança do paradigma tradicional e educação bancária para o pensamento emancipador tenha mais êxito, e com isso os indivíduos da EJA ganham por estarem mais uma vez tentando construir seu futuro através da educação. Outra situação é de que a inovação oferece ao educando a oportunidade de se dinamizar com o conhecimento científico-tecnológico.

Na sequência foi aplicado questionário a estudantes da EJA em três turmas (1º, 2º e 3º anos) cada turma escolheu-se 20 (vinte) alunos de cada turma. A professora 1 leciona biologia na turma de 1º ano, a professora 2 leciona no 2º e no 3º ano.

A primeira pergunta feita aos alunos foi em relação as aulas de biologia terem uma conexão com o dia a dia. 90% dos alunos do 1º ano responderam sim e 10% que não. 55% dos alunos do 2º ano responderam sim, 35% não e 10% algumas aulas. 25% dos alunos do 3º ano responderam sim, 20% não e 55% algumas aulas.

Nesta questão foi constatado que a professora 1 nas aulas faz conexão entre o assunto e o cotidiano dos estudantes, já a professora 2 traz uma variação nas aulas deixando pistas de que nem sempre nas aulas ela faz essa relação.

A segunda pergunta queria saber quanto a forma de ensino, da semelhança do com ensino regular.100% dos alunos do 1º ano responderam não, era mais precário em relação a conhecimento. 20% dos alunos do 2º ano responderam sim, 80% não, era mais precário em relação a conhecimento. 45% dos alunos do 3º ano responderam sim, 45% não e 10% não souberam.

Com isso indicado é visto que a professora 1 caminha na desvalorização das potencialidades dos estudantes da EJA, pois ela disse que pegava mais “leve” e assim o que poderia ter um resultado melhor não tem; e a professora 2 apresenta grande variação nas turmas e o resultado contrapõe o que ela comentou na questão 05 da entrevista.

O terceiro questionamento foi como eles se sentiam ou as  outras pessoas observam que eles eram estudantes repetentes, evadidos, defasados, aceleráveis, ou seja fracasso escolar? 25% dos alunos do 1º ano responderam que se viam discriminados, 10% não se sentiam e nem que os outros achavam e 40% creem que os outros pensam assim mas elas não e 25 % não souberam.15% dos alunos do 2º ano responderam que se reconheciam, 10% não  se identificavam e nem que os outros percebiam e 55% atinam que os outros pensam assim mas elas não e 20 % não souberam.15% dos alunos 3º ano responderam que se sentiam,  70% não se apercebiam nem que os outros achavam e 15% imaginam que os outros pensam assim mas elas não.

De acordo com esses resultados se confirma o que disse o autor Arroyo já citado anteriormente sobre a concepção que muitos têm sobre os estudantes da EJA.

A quarta questão foi perguntado sobre as aulas de biologia; se com as mesmas aprenderam a ter mais responsabilidade socioambiental e ética. 90% dos alunos do 1º ano responderam sim, a professora comenta sobre a responsabilidade ambiental, e 10% não. 85% dos alunos do 2º ano responderam sim, 15% não.70% dos alunos 3º ano responderam sim, 20% não e 10% não souberam.

Conforme os resultados do quarto questionamento fica mais evidente que a professora 1 faz a relação entre o assunto e o cotidiano e mesmo nos objetivos das aulas dela não colocar a cidadania como um dos focos, os comentários fazendo a relação com o dia a dia incentiva isso. A professora 2 neste caso trabalha bem a consciência ambiental.

A quinta questão perguntou em relação ao professor de biologia costumar inovar na aula permitindo que os alunos compreendam melhor o que está ao redor. 90% dos alunos do  1º ano responderam não e 10% sim. 85% dos alunos do 2º ano responderam não, 15% sim. 60% dos alunos do 3º ano responderam não, 30% não e 10% não souberam.

Fica evidente que as professoras não inserem no plano do ensino a inovação pedagógica e isso aprece no trabalho pedagógico, e também não há uma preocupação maior em fazer com que os indivíduos da EJA consigam chegar a uma emancipação cognitiva em relação as condições gerais principalmente sócio-política.

A sexta questão arguiu quanto as aulas de biologia, é possível os estudantes abrirem os olhos para serem cidadãos que conseguem dialogar sobre as áreas aplicadas da biologia na sociedade como a área da saúde. 60% dos alunos do 1º ano responderam sim e 40% não. 60% dos alunos do 2º ano responderam não, 40% sim. 70% dos alunos do 3º ano responderam não, 30% sim.

O que pode deixar claro nas ideias dos estudantes sobre este questionamento é que a professora 1 por ser formada em história tenha maior percepção no que diz respeito a fazer conexões entre conteúdo e realidade e assim promover alguns momentos de integração de estudos nesse âmbito.

Diante desses dados da pesquisa, é mostrado que o caráter bancário ainda está presente no trabalho pedagógico de professores, cenário que pode representar grande parte dos educadores da modalidade EJA.

É necessário que as instituições de ensino superior, principalmente as voltadas para formação de professores, insiram na malha curricular das licenciaturas a disciplina que aborde as concepções da modalidade de Jovens e Adultos ou ofereça mais formação continuada sobre a modalidade.

CONCLUSÕES

Considerando tudo o que foi pesquisado, coletado, analisado e discutido, fica claro que a Educação de Jovens e Adultos é um meio pelo qual muitas pessoas podem resgatar a dignidade na medida que a sociedade valoriza as pessoas que possuem um certo padrão de conhecimento, ou seja, os alfabetizados e estudados no olhar da maioria que fazem  os diversos setores sociais são mais respeitados, possuem certa credibilidade. Então, caminhar em busca da qualidade social no EJA é o que precisa e o que ficou certo através deste trabalho.

Conforme os objetivos traçados para guiar a pesquisa, é relevante comentar que com a caracterização do trabalho pedagógico das professoras na modalidade EJA como parte da identificação deste, há desconexão com o olhar emancipatório cognitivo dos estudantes, porque as aulas preparadas pelas mesmas diante da construção do trabalho pedagógico não foi constatado esse direcionamento, pelo contrário, foi negligenciado. Além disso, foi visto profissional de um ramo de conhecimento assumindo a responsabilidade de outro, porém isto não é absurdo, pois é comum em várias instituições escolares brasileiras, tanto nesta modalidade quanto nas outras. Esta pesquisa só assinalou mais ainda o que já é comum. Também existe a falta de interesse de grande parte dos professores em querer formação continuada para melhor enriquecer o trabalho pedagógico.

Vale destacar que a investigação constatou que as professoras apresentaram bom desempenho no que diz respeito a consciência socioambiental. Através dos dados, as aulas trazem esta concepção, ambas avançam neste setor.

REFERÊNCIAS

 ANDRADE, Eliane Ribeiro. Os jovens da EJA e a EJA dos jovens. In: BARBOSA, Inês O., PAIVA, Jane (orgs.). Educação de Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. Disponível em: < http://www.forumeja.org.br/ files/Programa%203_ 0. pdf>. Acesso em: 20 out. 2014.

ARROYO, Miguel. A Educação de Jovens e Adultos em tempos de exclusão. Alfabetização e Cidadania. São Paulo: Rede de Apoio à Ação Alfabetizadora do Brasil (RAAAB), n.11, abril 2001, p.198.

BEZERRA, Ciro; SILVA, Sandra Regina Paz da. Mercadorização e precarização do trabalho docente: contradições entre prática pedagógica e trabalho pedagógico. VI Seminário da Redestrado – regulação Educacional e Trabalho Docente. 06 e 07 de novembro de 2006 – UERJ – Rio de Janeiro – RJ

FRANCO, R. S.; SILVA, A. M. Formação docente para o PROEJA. 2009. Disponível em:<http://             www.senept.cefetmg.br/galerias/Arquivos_senept           /anais/ terca

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KRASILCHIK, M. Prática de ensino de biologia. 4 ed. São Paulo: Editora da USP, 2008,

p.20. Disponível em: < https://books.google.com.br/books/ out/ Pr% C3% A1 tica_de_Ensino_de_Biologia.html?hl=pt-br&id=W4b0wYFt3fIC>. Acesso em: 8 abril.2015.

PERNAMBUCO. Secretaria de Educação. Orientações Teórico-Metodológicas Educação de Jovens e Adultos, 2012, p.54.

SAVIANI, D.; GARCIA, W. E. Inovação Educacional no Brasil: problemas e  perspectivas. São Paulo, Cortez Editora, 1995, p.30. Disponível em: < https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr= &id=3U_ oNKlp9 OAC&oi =fnd&pg= PA3&dq=SAVIANI,+D.%3B+GARCIA,+W.+E.+Inova

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+&ots=j9Dqsdv_5n&sig=QccvrGMl9fyjSt8uik8ME8R-CVE#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 10 maio. 2015

Obs: A autora é docente pesquisadora e extensionista da Universidade de Pernambuco.
Participou do trabalho acima, além da autora José Clécio Nascimento da Silva ( [email protected]).

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Um Olhar sobre o Trabalho…

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