Lug Costa 7 de junho de 2010
Tenho que ir.

Mesmo contra a minha vontade…

Tenho que ir.
Já não é mais possível adiantar o momento da partida.

Tenho que partir.
Não importa se a hora já é passada.
Será uma viagem solitária,
sem companheiros de caminhada,
sem conversas, sem partilhas.
Será uma viagem de longas horas
contadas nos dedos das mãos e dos pés.

Decidi partir agora:
na calada da noite,
no meio do silêncio que desconhece o meu rosto,
na hora avançada em todos os relógios.

Saio pela porta do fundo
para não ser percebido,
levantarei os pés para não ser identificado.
Deixarei a porta aberta
porque, quem sabe, algum dia gostaria de retornar.

Tenho que ir
deixando aqui parte de minha vida.

Tenho que ir
com o soluço travando a garganta.

Tenho que ir
mesmo que peçam para ficar.

A decisão é minha.
A vida é minha.
O resto permanece um mistério ..

No retorno,
o que encontrarei,
o que sentirei,
o caminho que percorrei,
as pessoas que encontrarei?

A vida é mistério que se revela a cada momento,
e simultaneamente se esconde num segredo impenetrável.

(Caxias 07.07.2003)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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