O filme “Cinema Paradiso” é, na minha opinião, um dos melhores filmes já produzidos na história do cinema mundial.
Sempre que assistia a este filme, e o venho fazendo desde logo depois o seu lançamento na Itália em 1988, a primeira impressão que tinha era a de maravilhamento diante da habilidade que o filme tem de mostrar um exemplo do verdadeiro amor.
É o que o filme mostra o amor sob uma ótica que quase nunca encontramos em outras obras artísticas. Falo do amor puro, sincero e verdadeiro de Alfredo por Totó, o menino que escapava da monotonia da celebração religiosa para ir ao Paradiso, tal como era chamado o cinema da cidade.
Alfredo, que trabalhava no cinema, via na vida de Totó um propósito que não seria realizado ali, naquela pequena cidade, de forma que passou a fazer por onde o menino seguisse o seu caminho. Alfredo tinha um amor por Totó que libertava, que não buscava os próprios interesses, que queria o melhor da criança.
Posso até mesmo dizer que o filme traz uma boa exemplificação para a cultura popular de como o Capítulo 13 a Primeira Carta de Paulo à igreja de Corinto nos diz sobre o amor.
1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5 Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
9 Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10 Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
11 Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12 Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.
(1 Coríntios 13)
Além do aspecto do amor, outro ponto que hoje considero central no filme e que me passou despercebido por vários anos foi o do aspecto de alegria e vida que deve ter o homem ao celebrar a vida.
Certamente, há no filme uma crítica à religião institucionalizada, mas nunca havia pensado sobre a possibilidade de entender esta crítica de forma propositiva, ou seja, entender que ela tem muito a oferecer à celebração religiosa.
Não falo da forma, mas sim do objetivo. A celebração deve, afinal, ser uma celebração no aspecto genuíno da palavra.
Não quero me delongar muito sobre isso, pois gostaria de pedir a você que colocasse, nos comentários abaixo, a sua percepção de como o elemento sagrado “amor”, tal como descrito em 1 Coríntios 13, é de alguma forma representado no Cinema Paradiso. Aguardo para saber o que você pensa a respeito.
Obs: Imagem enviada pelo autor.