a) Do pedido e da graça maior que o pedido
Lc 11,1-13
Nos momentos de angústia e pavor, nosso “meu Deus!”, aflora espontâneo, ora como gemido, ora como um grito de socorro, “das profundezas” de nossa fragilidade ou do nosso sentimento de impotência…
Com certeza, não era disso que se tratava no pedido que os discípulos fazem a Jesus para que lhes ensine a rezar?…
E o Mestre a quem recorrem, não somente anuncia a bondade e o cuidado infinitos do Pai para com seus filhos e filhas, mas termina sugerindo aquilo que deveria ser a essência de toda prece verdadeira: o DOM por excelência de Deus, aquele mesmo que lhes seria concedido em abundância na manhã de Pentecostes, ao cabo da primeira de todas as Novenas, o ESPÍRITO SANTO! Ou seja, – Aquele que vem preencher toda a nossa “fome e sede da justiça”… – Aquele que realiza em nós e no mundo as grandes transformações… – Aquele que dissipa toda escuridão e clareia todos os caminhos… – Aquele que suaviza toda dor e, nos faz chegar o “Reino de Deus”, que é, justamente, “justiça e paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17).
Tem sido esse o miolo de todas as nossas preces, pedidos e promessas?… Tem sido essa a inspiração maior de nossos cantos e ações de graças?… E quanto esse pedido se faz necessário nessa conjuntura que, como país, estamos atravessando! Nosso sistema político chega ao fundo do poço.
Outro sistema precisa ser construído. E cabe a cada um, cada uma de nós essa tarefa maior. Peçamos ao Pai o Dom maior para darmos conta da nossa missão como cristãos/âs.
b) Da riqueza do Reino
Lc 12,13-21
Quantas vezes, no correr de nossa existência, somos surpreendidos por desafios que testam nossas convicções, põem a claro os valores que realmente nos movem, desmascaram nossa
hipocrisia?…
Aliás, a bem dizer, isso é coisa de todo dia e de todo instante. Mas é, sobretudo, quando se trata de
“dinheiro”, de posses, de riquezas, de oportunidades de ganhar ou de perder, que se perde toda a compostura ou cerimônia, e as pessoas partem para o vale-tudo…
Os mais “jeitosos” ou astutos, sequer duvidam de apelar para a religião e tentam revestir sua cobiça e ambição com aparências de justiça, de piedade e devoção, apelando, quem sabe, para a Bíblia, o Evangelho, procurando, habilmente, fazer passar sua ganância como coisa de Deus.
Jesus não só não se passa para fazer parte desse jogo, como deixa bem claro que a única riqueza que vale e que pode deixar nossos corações verdadeiramente sossegados é a que se compartilha, a que atende ao bem comum, a que vai ao encontro dos mais precisados.
Somente assim se entesoura para o Reino de Deus. Somente os corações livres das amarras da avareza e das estreitezas do egoísmo é que sentirão o prazer de sentar-se à Mesa dos irmãos e irmãs e cantar o canto da Fraternidade que nos faz filhos e filhas do mesmo Pai, em Jesus, na
unidade do Espírito Santo.
Papa Francisco que o diga, e, sobretudo a Juventude que o escute e se faça portadora deste recado!
Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE.
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS