3 – JESUS, MESSIAS DE DEUS
Em meio a nossa tristeza e confusão, a liturgia faz-nos contemplar o Messias, Jesus, o Ungido de Deus. O profeta Isaías (61, 1-4) e o evangelista São Lucas (4, 16-21) nos clareiam o sentido de sua missão: ungido pelo Espírito Santo e enviado para levantar caídos, libertar gente escravizada e humilhada, curar corações feridos, proclamar a dignidade dos pobres, reconstruir habitações em ruínas, transformar luto em festa, anunciar que a felicidade é possível. Como é possível mudar? Responde-nos a Epístola aos Hebreus (7,26-28): Jesus, completamente inocente, abre-nos o caminho, rompe os véus e nos deixa o exemplo a seguir: enfrenta os poderes do mundo e oferece-se a si mesmo, solidariamente por seu povo e por nós.
A oração que recitamos na liturgia da Bênção dos Óleos faz a síntese das lições da Bíblia:
– Jesus, ungido pelo Espírito para proclamar a Boa Nova à universalidade dos povos;
– a Boa-Nova se faz real, é palavra que se cumpre na partilha do pão;
– nossos olhos se abrem pela fé para contemplar Jesus como o Ungido de Deus;
– por Ele, a unção se comunica a nós para continuar no mundo sua obra redentora.
4 – COMPROMISSO
É esta uma mensagem central que a liturgia da Semana Santa quer deixar impressa em nós. Diante da Cruz e com a força do Espírito que ressuscita os mortos, renovamos nosso compromisso de servir, como “o Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate pela multidão”. O ministério da Igreja, de todos os seus membros, se perverte quando o tomamos como privilégio, separação e poder, pois é sacrifício e serviço. É este o compromisso que firmamos diante do altar. Saímos portando conosco os óleos da unção, sinal sensível a recordar que a unção do Espírito se derrama sobre o povo de Cristo – “cristãos” quer dizer povo de ungidos, povo todo enviado a continuar a obra redentora: unção do Batismo para que sejamos membros do Corpo de Cristo; unção da confirmação que nos compromete com o combate de Cristo nas fileiras militantes da Igreja; unção da ordenação para ajudar a Igreja inteira a se sentir ordenada ao ministério de Cristo; unção de enfermos, sinal de que o Espírito nos assiste e fortalece em nossas fragilidades e enfermidades. Saímos portando conosco o viático da Santa Eucaristia que nos faz um com Cristo, carne de nossa carne e sangue de nosso sangue, Cristo, sentido de nossa vida, Jesus, Mestre de nossa caminhada.
Nesta Páscoa juntam-se a nós três novos presbíteros admitidos na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil: Ariel Montero, Teobaldo Barbosa e Washington Franco. Sejam bem-vindos para fortalecer nossa missão comum de continuar, de maneira efetiva, a obra redentora de Jesus, para que este mundo seja melhor por nossa oração, por nossa palavra profética, por nossa ação solidária em favor da justiça e possamos ter a mesma glória do Apóstolo São Paulo e dizer como ele que “completamos em nossa carne o que faltou à paixão de Jesus: “Incessantemente e por toda parte trazemos em nosso corpo a agonia de Jesus, a fim de que a vida de Jesus seja também manifestada em nosso corpo”! (2Cor 4, 10).
FELIZ PÁSCOA!
Recife, 11 de Abril de 2010, Domingo da Oitava da Páscoa
* Bispo da Diocese Anglicana do Recife – DAR
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