VERMELHO-SANGUE
Com os pulsos cortados, a tarde se deita no horizonte. Faz-se noite.
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PANTERA
O gado pasta. Aves regressam. Silhuetas: árvores, montanhas. A noite se aproxima e devora tudo: montanhas, árvores, aves, gado. Saciada, ela se espreguiça. Bela, serena, a pele tatuada de estrelas.
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Anoitece na várzea. Os ruídos dos sapos, rãs e grilos formam uma massa sonora que purifica o silêncio. Hora da natu-reza.
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ESTAÇÃO
Algumas aves já começam a migrar. De carona nas asas, levam o Verão. Da terra, acenam as árvores galhos desnudos. No solo, folhas de saudade.
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OUTONO-INVERNO
O verão morreu. Seu cadáver esfria.
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BORBOLETAS PARDAS
Outono sopra o vento. Folhas mortas adejam um voo emprestado.
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OUTONO-INVERNO II
As árvores choram folhas. Nem o sopro do vento as consola pela falta que sentem dos passarinhos.
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Da amizade entre borboletas e flores nasce a primavera.
Obs: O autor é escritor e editor. Também é sócio-proprietário da Editora Penalux.