14 de novembro de 2011
Na recente reunião do Conselho do Sínodo da América, realizada no final de outubro em Roma, ficou formalizada a proposta de realizar mais um sínodo especial para o continente americano, à semelhança do primeiro, realizado em 1997.
A data para este novo sínodo, que por enquanto está só no estágio de proposta, seria o ano de 2.017. Portanto, daqui a seis anos!
Pode parecer estranho uma instituição como a Igreja anunciar eventos tão distantes do momento presente. Certamente isto demonstra confiança no futuro, e segurança de planejamento, com a certeza de contar com o tempo a seu favor, seja para preparar, como para realizar estes eventos.
Mas desta vez, um provável novo sínodo para a América precisa esperar tanto tempo, porque a Igreja já tem sua agenda bastante comprometida nos próximos anos. Sobretudo em termos de sínodos. Pois no ano próximo, durante o mês de outubro, acontecerá o já programado sínodo ordinário sobre a nova evangelização e a transmissão da fé. Um tema muito oportuno, sem dúvida, dadas as profundas mudanças em curso na sociedade, especialmente no que se refere à identidade religiosa e sua continuidade nas novas gerações.
Antes ainda de realizar esse sínodo previsto para o ano que vem, já está sendo anunciado um “sínodo especial”, a se realizar em 2.015, quando se completarão 50 anos da conclusão do Concílio Vaticano II. Como as discussões hoje, em torno do significado, da abrangência e da real consistência deste Concílio, estão aumentando, tanto maior vai se tornando a expectativa deste sínodo especial previsto para 2.015. Se já o sínodo especial de 1985, realizado para avaliar os desdobramentos depois de 20 anos do Concílio, produziu uma significativa inflexão no discernimento de quais teriam sido seus temas centrais, mais ainda agora, depois de 50 anos da conclusão do Vaticano II, pode-se esperar questionamentos muito profundos, a serem feitos não só ao Concílio, mas sobretudo à caminhada subseqüente da Igreja a partir dele.
Outra iniciativa muito interessante acaba de ser anunciada pelo Papa Bento 16: ele vai convocar um “ano da fé”, a se realizar de 11 de outubro de 2.012, e a se concluir com o Domingo de Cristo Rei, em 2.013.
Além disto, não é nada irrelevante que o sínodo do próximo ano vai se realizar no mês de outubro. Isto é, no mês do aniversário da abertura do Concílio, acontecida em 11 de outubro de 1962.
Agora, percebemos que há uma trama, unindo estes eventos. A grande referência para todos eles, é o Concílio! Para quem se dá conta da importância que teve este Concílio, que alguns querem agora relativizar e diminuir, ela fica comprovada na prática, pela maneira como a Igreja vai tomando suas decisões e fazendo seus planos.
A referência ao Concílio, clara ou velada, é a comprovação mais tranqüila e insuspeita, da envergadura deste Concílio. Mesmo depois de 50 anos, ele continua cadenciando os passos da Igreja.
Assim se comprova, na prática, a sentença de João Paulo II, feita por ocasião da passagem do milênio:
“Sinto ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa”.
Os fatos se impõem a si próprios. Ainda mais quando se trata de evento tão amplo e complexo, como foi o Vaticano II. A celebração do seu jubileu nos dá uma nova oportunidade para comprovar sua grandeza.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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