Dona Irene teve nove filhos
Sete se criaram
Dos quais cinco são mulheres
Todos os descendentes
De Irene e Manoel são dignos
Dignos, belos, fortes e descentes
Mas é das cinco mulheres
Que quero falar hoje
Isaura, Judite, Zélia, Regina, Fátima
Guerreiras aguerridas
Doces crianças queridas
Mulheres de mãos fecundas
Que cozem, educam , carinham,
Varrem, escrevem versos, bordam
Fêmeas de mãos gentis
Que costuram, criam, amparam,
Corrigem e afagam
Com a mesma certeza
Que assinam sentenças importantes
Sorrisos de mãos delicadas
Que plantam jardins, guiam e amam
férteis mãos poderosas
Que fazem surgir rosas
Em terra árida
E que seguram amorosamente
As mãos dos netos pela vida
Solidárias mãos humanas
Que alimentam, oram e se dão
Muito além do que podem…
Eu poderia passar horas
A fazer um inventário de filhos, netos, sobrinhos,
Amigos…
Ou listar dores, desilusões, conquistas, amores…
Ao invés
Quero registrar estas existências luminosas
No caos tenebroso do mundo
E agradecer-lhes infinitamente
Por existirem
Por serem tão belas,
Largas, extensas e profundas
Sem mais.