Nesta noite de Natal,
que nome a humanidade dará a cada um de vocês:
crianças abandonadas?
refugiados de guerra?
filhos da pobreza e da miséria?
entulho humano a ser descartado?
Jesus Cristo, o filho de Deus? …
Nas três vidas vislumbramos milhares de seres humanos
que nesta noite linda e requintada,
celebrada por crentes e descrentes,
enquanto uns poucos capitalistas bilionários
nos seus palácios, clubes, iates, condomínios,
esbanjam ostentação e desperdício de comida e bebidas.
Eles vestes suas trajes de gala:
farrapos entumecidos pela poeira e pelo barro do chão;
buscam no lixão o pão deles de cada dia,
e repartem entre si em partes iguais;
brincam no barro com toda a inocência de seus corações,
recebem a vida como um presente divino.
Mas nenhum sorriso é mais puro e mais desafiador
do que aquele que provém,
como uma luz aterrorizante e paralisante,
dos olhos destes três pequeninos.
São capazes, sem dizer uma só palavra,
de desterrar do profundo do coração humano,
o egoísmo, o ódio, que divide e mata tantos irmãos.
Talvez nesta noite de Natal seja para eles:
fome,
nudez,
frio,
dor,
abandono,
morte.
Talvez depois da última badalada do sino das igrejas,
anunciando a chegada do Salvador,
talvez já não será possível continuar cantando
hino de glória e de alegria,
que não conseguiram mais esconder
a omissão, a insensibilidade diante da realidade desses pequeninos.
Ouviremos numa só voz o canto da misericórdia:
“Dai-nos, Senhor, um coração misericordioso
que nos faça viver a pobreza do teu Natal”.
(10:36h – 23.12.2015 – Caxias/MA)
Obs: Imagem enviada pelo autor.