Malu Nogueira 1 de janeiro de 2016

Lucia

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Cadê as chuvas?
O céu está repleto de torres
Das mais variadas formas
Têm algumas com feitios de castelos
Casas, caras de gente.
Focinho de cachorro, asas de anjos.
São nuvens claras, outras escuras, turvas, cinzas.
Cheias, fofas, unidas.
E quem daqui, da terra, as olha, no céu,
Tem a certeza de que logo suas torneiras vão abrir-se,
E derramar chuvas torrenciais, na terra seca e quente,
Mas nada acontece, só muito preparo.
O ar está carregado de calor e eletricidade
O redemoinho chega forte, de supetão.
Girando e sujando tudo e todos
Porta batida, janelas fechadas.
Telhas levantadas.
A rua é varrida.
Ninguém põe a cabeça fora da porta
Um som chega de longe,
Parece o três cocos.
Vem alegre e feliz
Com sua cor avermelhada
Que lembra um nambu
Esperto e ligeiro
Procura algo, lá longe vê,
É um sopro de riacho
Vai às suas margens
Pousa, sacode as asas.
Olha para o céu
Parece sorrir, então,
Entoa seu canto, num trinado estridente e feliz.
Num rimbombo de trovão para que todos ouçam.
No alpendre, o matuto vivedor
Move-se, sem pressa, na rede velha.
Tira o chapéu da cara
Puxa a rede com a mão
Esboça um esgar de sorriso.
Agora, ele pode tirar sua madorna.
Três cocos cantou
Ele ouviu
E Deus balançou a cabeça
Concordando com a boa nova,
Espalhada na terra de ingazeiras
Por seu passarinho cantador
Que alegre gorjeou:
As chuvas vão chegar.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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