20 de setembro de 2010
Um dia desses, estávamos num restaurante com alguns amigos, quando observei um casal de namorados numa mesinha de fundo do canto direito. Deduzi, sem dúvida, que para os dois a música não tocava os garçons não existiam, os cantores não cantavam as pessoas não falavam… Nada parecia incomodar, e o mundo parecia ser apenas “dois”. Sim, eles estavam apaixonados e assim, o clima de encantamento e magia invadia, perfumando tudo ao redor. Muito mais que beijos, eles se acarinhavam através dos olhares, trocavam afagos e faziam as carícias invisíveis que só eles sabiam como faziam e só eles sentiam. Pensei comigo: “Poxa vida, que legal!”
O fato lembrou-me a mitológica história de Narciso. Narciso era a mais bela dentre todas as criaturas que viviam nos campos e nos bosques. De tão belo, ao ver-se refletido nas águas de uma fonte, apaixonou-se pela imagem, e então sendo incapaz de afastar-se de seu próprio reflexo, ficou a contemplá-lo até consumir-se. Logo, nasceu a flor conhecida pelo nome de “Narciso” no lugar onde morrera.
Rubem Alves, conta que existe uma continuação desse mito. O autor relata que após a morte de Narciso, as criaturas do bosque, dilaceradas pela tristeza de sua ausência, lembraram-se que, de todas, a fonte era quem mais contemplara Narciso. Então, foram até ela e pediram: “Fonte, fale-nos sobre a beleza de Narciso!” E a fonte retrucou: ”Narciso era belo? Eu nunca notei…” As criaturas, incrédulas, perguntaram: “O que você via quando Narciso estava diante de você, a mirar-se? E a fonte responde: “O que é que eu via? Eu via minha beleza refletida nos olhos dele…”
Mas falei tudo isso, pra chegar ao casal de namorados. Entre eles, só a beleza existia.
Narciso via a beleza dele nas águas puras e cristalinas da fonte, e a fonte por sua vez, via sua beleza nos olhos de Narciso, estavam apaixonados!
É isso! A paixão reflete nos olhos do ser amado a beleza mais límpida e pura que existe dentro da gente, simples assim!
Obs; Imagem enviada pela autora.
