![](https://entrelacosdocoracao.com.br/wp-content/themes/entrelacos/img/point.png)
Todo o fim de tarde gostava de acompanhar as marcas daqueles pés na areia. Sempre acontecia nos dias de semana e por volta das cinco horas, quando o sol começava a se esconder no horizonte. Não sei por que, aquele pedaço de praia deserto não atraía muito as pessoas. Um ou outro pescador e às vezes um caminhante solitário. A minha curiosidade era grande e por mais que eu seguisse as pisadas, sempre as perdia de vista.
Hoje decidi ir até ao fim. Usando bermuda e descalço, resolvi segui-las. Estava quase decido a voltar, quando ouvi um ruído atrás dos coqueiros e vi uma mulher alta, com um corpo firme caminhando em direção ao mar. Me escondi e acompanhei o ritual.Ela olhando para frente, seguia devagar. O vento fazia voar os seus cabelos longos. Na beira da praia, experimentou com as pontas dos pés se a água estava fria.
Escurecia e a lua despontava numa enorme bola de prata refletindo sobre o mar silencioso. Uma enorme onda apareceu de repente e a mulher levantou os braços, mergulhando de cabeça como se estivesse esperando aquele encontro.De longe, observava a dança dela nos braços do mar. Não se deixou dobrar, mergulhava e voltava sem medo. A claridade da lua deixava a praia envolta numa névoa.
Perplexo, resolvi ir atrás da mulher. Mergulhei deixando pingos d´água soltos no ar. Ela me olhou e deixou que as ondas a levasse para perto de mim. Então começamos a nadar. Logo senti que estávamos nos afastando da costa e fiz um sinal para ela voltar. Foi então que percebi, ainda bem que em tempo, que ao pular mostrava o corpo nu só da cintura para cima.
Nadei de volta para a praia e adormeci. A lua estava bem alta quando abri os olhos e vi na areia uma linda estrela do mar. Depressa, apanhei o molusco, vesti a roupa e voltei para casa. Prometi que nunca mais seguiria ninguém num praia deserta.
Obs: Imagem enviada pela autora.