Ele estava ali parado diante dos meus olhos. O corpo rígido pela paralisia de quase vinte anos de vida. Os olhos pareciam procurar por alguma coisa perdida no espaço e no tempo. Frágil, em tudo dependente das outras pessoas. E fiquei me perguntando:
quais seriam os seus sonhos? Se estivesse com todas as funções de seu corpo normais como seria? Seria interessante poder ouvir a sua voz, conhecer os seus desejos…
No leito de sua impossibilidade estava a possibilidade de outros assumirem seus gestos e suas atitudes, e suas decisões.
Tudo nele não passava de uma mera possibilidade. Nenhuma consciência da realidade. Nenhum projeto pessoal. Nenhuma esperança. Apenas a vida insistia em levar a termo a sua existência.
Na sua incapacidade testava a capacidade de doação de quem dele se aproximava. Diante dele tudo era convidado a se tornar ato de amor. (Caetés, 20/10/2015 – 10:20)