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Nestes dias o Papa Francisco está realizando mais uma visita. Desta vez a Cuba, e em seguida, aos Estados Unidos.

Este roteiro não deixa dúvidas quanto à sua intenção. O restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos é um fato notável, que merece ser destacado pela carga de significado que ele traz. Depois de 50 anos de acusações mútuas e de hostilidades recíprocas, eis que finalmente, contra todas as expectativas, os dois países resolveram reatar suas relações, e terminar com o nefasto bloqueio econômico duramente imposto a Cuba pelos Estados Unidos.

Pois bem, este fato inesperado tem os seus protagonistas. Conta a lenda que, anos atrás, no auge do confronto entre os dois países, Fidel Castro teria dito que só haveria a reconciliação entre Cuba e Estados Unidos quando o Papa fosse latino americano, e o Presidente dos Estados Unidos fosse um negro. Com isto queria dizer que a coisa era impossível

Pois não é que a profecia, verdadeira ou adrede inventada, se cumpriu de fato! Eis que o Papa é o cardeal argentino Mario Bergoglio, e o Presidente dos Estados Unidos é o negro Barac Obama.

Os tempos estavam maduros. Mas faltava uma iniciativa que aproveitasse o momento oportuno. Aí entrou o Papa Francisco. Ele incentivou o diálogo entre as duas partes. E ofereceu o Vaticano como sede do encontro.

Só o fato de ambas as partes aceitarem a proposta do encontro, já era meio caminho andado. E a presença do Papa Francisco, com sua atitude de respeito pelas posições de cada lado, proporcionou o ambiente favorável para a decisão tomada.

O Papa foi ao mesmo tempo firme e discreto. Fez questão de mostrar que as decisões eram tomadas, não por ele, mas pelas duas partes envolvidas. Na verdade, a iniciativa do Papa garantiu o sucesso do diálogo.

Agora, efetivado a reatamento das relações diplomáticas, e suspenso o bloqueio econômico, o Papa empreende esta viagem, para sacramentar o relacionamento diplomático entre os dois países, símbolos do confronto de ideologias que aos poucos precisam ser diluídas, em benefício da convivência pacífica entre os países, mesmo que cada qual tenha o direito de exercer sua soberania, e se relacionar pacificamente com os outros.

Agora, na visita que o Papa realiza aos dois países, o roteiro da viagem parece não ter nenhuma relação com o restabelecimento das relações diplomáticas entre eles. Mas é evidente a intenção do Papa de tirar lições positivas deste evento.

Há situações antigas, que carregam uma enorme inércia, que inviabiliza qualquer mudança. Aí é preciso estar atento às oportunidades, e criar outras, na esperança de que finalmente as resistências sejam vencidas.

É o que está procurando fazer o Papa Francisco. Ele insistiu em promover o diálogo entre judeus e palestinos. Vem cultivando um relacionamento de respeito e de confiança com o patriarcado ortodoxo de Constantinopla. Fez questão de se encontrar com os evangélicos valdenses na região italiana de Turim. Falando da misericórdia, fez referências elogiosas aos membros da comunidade separatista São Pio X. Mesmo enfrentado duras resistências internas da própria Igreja, o Papa não se cansa de incentivar o diálogo e a colaboração mútua.

Boa Viagem ao Papa, boa missão, e que todos entendam seus apelos para o respeito mútuo e para a convivência justa e pacífica entre as nações.

 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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