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Entro pela porta principal da Agência da Caixa Econômica Muiraquitã (Av. Borges Leal), cansada e com fome. Menos de 30 segundos depois começa o drama…
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Apesar de ter colocado os celulares na caixa de plástico, o alarme da porta giratória dispara. Volto. Examino a bolsa. Tiro uma agenda cuja mola é metálica. Nova tentativa. O alarme soa. Procuro o que possa estar causando o problema. Deixo um cortador de unhas, brinde que ganhei na auto-escola. O alarme apita. O guarda do lado de fora me olha desconfiado.
– Eu não sei, mas o que tem aqui dentro. Pelo amor de Deus! Eu já tirei tudo o que tem de metálico!
– Tem moedas?
Recolho todas as que estão no fundo da bolsa. Coloco tudo numa carteira. Agora já são vários os meus objetos na caixa de plástico: dois celulares, uma agenda, um cortador de unha, uma carteira com moedas.
Dirijo-me a porta giratória, certa de que conseguirei entrar para o interior da agência. O alarme ecoa. Volto. Olho o interior da bolsa e vejo uma caneta. Ela parece metálica. Acaba fazendo companhia aos outros pertences.
Constrangida, tento passar pela porta mais uma vez. Sou barrada pela voz na caixa de som. O guarda do lado de fora se aproxima com uma cara de poucos amigos. O do lado de dentro do prédio me olha desconfiado. A vontade que tenho é de arremessar minha bolsa no chão. Dá vontade de perguntar “ Tô com cara de assaltante?”
– Deixa eu ver o que tem na sua bolsa.
Algumas caras aparecem pelo guichê. Pescoços se esticam. Entrego a bolsa de pano, artesanal, estampada com uma florzinha do lado.
– Moço. Não tem mais nada aqui dentro. Olha! Pode ver. Só tem papel e maquiagem.
Ele me observa. Pensa em silêncio.
– Me dá sua bolsa. Entra que eu te dou ela. Passa sozinha.
Faço o que ele me pede. A porta não dispara. Quase dez minutos depois eu consigo entrar no interior da agência.
13h15
Chego ao guichê. Apresento os documentos. Explico a situação para o caixa. Silêncio. Tec,tec, tec. Dois minutos depois…
– Minha senhora, infelizmente não poderei resolver seu problema aqui. Como sua conta foi aberta na agência central você terá que ir pra lá.
– Não acredito! – Disparo frustrada.
– Me desculpe.
Baixo a cabeça. Menos de um minuto depois desabafo…
– Moço aquela porta giratória lá da frente me barrou quatro vezes. O guarda me olhou com uma cara desconfiada. Desde o dia 4 eu estou tentando sacar esse dinheiro para pagar minhas contas. A Caixa Econômica sem minha permissão transfere meu pagamento sem mais porque para uma conta que eu não uso a mais de dois anos. Depois de ficar uma hora ali esperando eu chego aqui e o senhor me diz que não pode fazer nada?
(Eu não gritei. Eu juro)
Ele me olha com pena. Pede um momento. Sai do guichê e vai para uma sala fechada. Retorna alguns minutos depois.
– Já liguei para um amigo da outra agência. Entregue esse bilhete. Ele irá ajudá-la.
Agradeço feliz da vida.
13h40
Entro na Agência da Caixa Econômica na Avenida Tapajós. Dessa vez deixo a bolsa na moto e levo apenas a carteira e os documentos. Passo tranqüila pela porta, sem olhares intrigados de guardas e clientes. Subo as escadas até o segundo andar. Informo-me. O sujeito a quem era destinado o bilhete era um dos mais ocupados. Na sua frente cerca de 20 pessoas aguardavam o atendimento. Chego de fininho e chamo pelo seu nome. Entrego o bilhete escrito pelo caixa. Ele lê rapidamente e pede meus documentos em seguida analisa no computador.
– Moça, eu não poderei te ajudar. Vai aqui do lado com a funcionária fulana de tal. Se ela liberar um comprovante de pagamento, eu posso fazer o saque pra você. Do contrário não.
Agradeço arrasada. Menos de cinco minutos estou numa nova mesa diante de outra funcionária. Explico a situação. Ele cria uma senha e esclarece o procedimento dali por diante.
– Você criou sua senha. Vou solicitar seu cartão que deve chegar daqui a um mês. Agora você vai lá embaixo em um dos caixas que a moça vai realizar o saque.
– Caixas?
– Sim.
– Não dá pra ser no caixa eletrônico?
– Não. Só na próxima. A não ser que queria deixar o seu dinheiro depositado.
– Não obrigado.
13h55
Minha senha é a de número 143. No guichê está a 141. Sou atendida. Sem drama, sem sofrimento.
“”Simples assim””