Djanira Silva 15 de janeiro de 2009

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Não é no silêncio que o homem morre, é na inutilidade da palavra vazia. Na confusão dos sons que poluem um mundo onde ninguém se entende, torre de papel, de letras e traços, idéias, sonhos, pensamentos soprados pelo bem, pelo mal. Babel inconclusa, tijolos e argamassa, carnes e ossos espalhados na poeira fina, mistérios de areias movediças. Pensamentos profundos, traiçoeiros, misteriosos, moldados no silêncio do começo, aquele que se perdeu na boca de quem só queria cantar.
Sofrimentos divididos. Universo em demolição. Jamais concluído. Aranhas estendem fios, aprisionam sombras e sonhos no medo que pinta de cinza as tardes sem sol.
As tristezas são minhas, são tuas, do mundo. Mundo encantado em prosa e verso.
Gostaria mesmo de parar de pensar. Quando o silêncio me ameaça e me esconde dentro de mim, não consigo controlar a inconstância dos sentimentos.
Às vezes penso que sou. O quê? Sempre pensamos hoje que somos algo mais do que fomos ontem e menos do que seremos amanhã. Todos os dias inventamos uma felicidade nova para pensar que somos felizes.
Tateamos no escuro à procura de luz. Quando a encontramos fechamos os olhos magoados pela claridade. Dos felizes sabemos muito, dos que sofrem e choram nada sabemos.
Hoje, não estou mesmo a fim de escrever, quero fugir desta torre de papel que me aprisiona. Fingir que penso, neste silêncio de chumbo. Acho que é o demônio querendo me emprestar as suas asas. Se for, que Deus o proteja de mim.
Não estou para lembrar dores nem sofrimentos nem meus nem teus, nem do mundo.

Com este sol que entra pela janela queria mesmo era não fazer nada.Com esta luz que invade a sala gostaria de iluminar até dezembro todas as manhãs.

O cheiro das plantas e das flores flutua na fumaça da minha xícara de café enquanto no peito um coração cansando ameaça parar.

Torre de Babel inacabada. Como terminá-la com dores tão diferentes? E as cores?
Hoje não quero escrever nem quero pensar nem quero sofrer.

Peguei uma caneta falsa que me amordaçou numa torre de papel.

Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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