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O Advento é o grande tema de preparação para a festa do Natal. São quatro domingos marcados por essa tônica. Como a Quaresma, que tem cinco domingos como preparação para a Páscoa, o Advento constitui um dos pólos mais importantes do ciclo litúrgico. Natal e Páscoa se encontram e se completam – não há um sem o outro. Ele simboliza a longa caminhada do povo eleito na expectativa do Senhor, de sua vinda. E aí há muitas vindas que se imbricam: a vinda do Messias prometido, a volta do Senhor que muitas comunidades da Igreja dos primeiros séculos esperavam de forma imediata. S. Paulo nas suas epístolas, critica a passividade de alguns grupos que não queriam se engajar na sociedade esperando “o retorno do Senhor”, isto é, ficavam na expectativa “do fim do mundo”. E esse tempo do Advento, na perspectiva cristã, é muito rico. Nesse primeiro domingo a palavra de ordem é “vigiar para que no retorno do Senhor não estejamos dormindo”. Dormir é ficar parado, é não ficar atento à História que passa, é não querer entrar nela e construí-la. A liturgia faz esse apelo para que todos possam perceber Cristo retornando à História dos nossos dias e resgatando dignidades perdidas, através do engajamento de cada cristão.

Pois bem, essa celebração na igreja da Vitória foi marcada com a coincidência do aniversário de ordenação do Pe. Sadoc – são 67 anos de dedicação à Igreja e de serviços aos irmãos. Na missa ele relembrou a trajetória do seu trabalho sacerdotal, começando em S. Cosme e Damião, na Liberdade. “Comecei lá, num bairro sem água, sem esgoto, em alguns lugares não havia luz. Nem igreja havia. Celebrava a missa no terraço de uma casa de família. Depois de alguns anos fui mandado para S. Judas Tadeu. Lá construí a igreja matriz. Um dia D. Eugênio me mandou para a Vitória. Chegando lá, encontrei uma igreja e uma paróquia com tudo desordenado. Na minha posse havia umas dez pessoas. Quem me ajudou foi o governador Luis Viana, que de imediato mandou seu secretário. E logo a igreja foi restaurada”. Dessa forma, ele mostrou como se sentiu feliz em cada uma delas, cada uma diferente, mas que todas deixaram marcas no seu coração.

Na missa houve uma homenagem da paroquiana Lígia Fialho com um “Louvor ao bom pastor”. Assim ela o saudou: “Há pessoas preocupadas com seus problemas e buscam encontrar sempre o melhor sistema para solucionar a dificuldade dos irmãos. Pe. Sadoc é o amigo que em qualquer ocasião está atento às nossas carências – e com imensa alegria vai ouvindo o que lhe dizem em confissão. Em sua mesa nunca falta o bolo, o pão, para os que chegam à sua casa acolhedora. Sua palavra tão humana, é portadora de zelo, de carinho, de cuidado. Discretamente se mantém ao lado, para,assim, repartir sua imensa sabedoria. E é com a maior das alegrias que louvo hoje a esse grande amigo. Ele é um bom pastor que está sempre atento à nossa dor”.

O almoço, no Hotel da Bahia, organizado por Claudelino Miranda,que o cognominou de “Arcipreste”, isto é, o primeiros dentre os sacerdotes, e contou com grande número de amigos: Dr. Edivaldo Brito, o novo Vice-Prefeito, o Comandante Geral da Polícia ,Cel. Nilton Mascarenhas e esposa, o Bispo-Auxiliar, D. Petrini, muitos irmãos sacerdotes, Dr. Valter Pinheiro ( A Tribuna), Prof. José Nilton, Presidente da Mater Salvatoris. Representando o clero, falou o Cônego Edson Menezes, Reitor do Santuário do Bonfim:” Pe. Sadoc é aquele que sente compaixão de todos os que necessitam de ajuda. Cuida dos padres, de qualquer padre, porque todos são seus irmãos. Não mede distância para resolver suas dificuldades. Ele tem a casa sempre aberta, sua mesa está sempre posta. Sua pregação é remédio para os doentes, alimento para o povo de Deus. Carrega as ovelhas mais necessitadas no seu coração. É um servidor, encontra sempre espaço na sua agenda. Ele é alguém que, pacientemente, fala sempre com o coração. Dos seus lábios nunca sai um não”. Foi também lida uma mensagem do Pe. Sílvio Lima;”Pe. Sadoc já faz parte do patrimônio histórico e cultural da Bahia.A Igreja da Bahia sente-se feliz e transborda de alegria ao celebrar o seu sacerdócio Que o senhor continue sempre a ser fiel à Igreja. Ad multos annos, que viva muitos anos”.

Concluindo a série de discursos, o homenageado ainda acrescentou:”Só aceito festa feita pelo coração. Abraço a todos que aqui estão Estou vindo do Senhor do Bonfim, onde hoje lá está a imagem da Purificação, a Mãe da minha terra, a Mãe do Recôncavo Baiano”. E ainda agradeceu ao organizador da festa que reuniu a todos ali:” Miranda faz festa que a História guarda no coração da gente”. E concluiu: “Sou padre por causa de vocês, o rebanho que o Senhor me deu”.

(*) Professor Adjunto de Antropologia da UNEB, da Faculdade 2 de Julho e da Cairu. Membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, da Academia Mater Salvatoris, Sócio da Associação Nacional de Interpretação do Patrimônio, Sócio Efetivo do Instituto Genealógico.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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