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Era engraçado ver aquele quinteto, os quatro rapazes e a pequena.
Conheceram-se em grupo de jovens, de uma das maiores igrejas da cidade e logo montaram um grupinho, mesmo que sem querer.
Quem os encontrasse por aí juraria que a ‘menina’ era namorada de um dos meninos, mas não era.
Havia uma cumplicidade, proteção. Ela era uma espécie de mascote, a mulher do grupo, e acabou sendo o que tornava o quinteto diferente.
Falei que ela não era namorada de ninguém, mas sempre que aparecia algum marmanjo aproveitador na parada, um dos rapazes segurava a mão da ‘menina’ e lançava um olhar bem feio e logo o lobo-mau saia correndo com medo.
Aos sábados iam para a reunião na catedral, e depois para o rock, showzinhos que rolavam em um lugar que hoje não funciona mais (os tempos agora são outros e os jovens também).
Era meio contraditório igreja/ rock, mas ninguém teve nenhum conflito com isso. Era todo mundo ‘cabeça’.
Se ela não queria sair, alguém tinha que levá-la a parada de ônibus. Não era certo deixar a ‘menina’ andando sozinha nas ruas do centro da cidade em um sábado à noite. Era divertido quando os cinco iam esperar o buzão, quatro quietos e um fazendo palhaçada.
Quando veio a banda (de rock claro) ela estava lá em todos os ensaios, cantando, balançando a cabeça, agitando, mesmo que a mãe dela pegasse no pé, o pai dela dissesse que era estranho e que o irmão dela morresse de vontade de ir também.
Nas apresentações do grupo (dos rapazes) ela ficava na torcida. Ela também tava por ali, camiseta branca, calça jeans e all star, pulava, pulava que quando ia pra casa era como se tivesse feito umas 300 abdominais, exausta, mas feliz.
Com o tempo vieram os conflitos (mesmo nos quintetos aparentemente perfeitos, eles também surgem) não eram bichos-de-sete-cabeças, só que a juventude também tem suas guerras internas, ainda mais quando se trata de pais e filhos.
E um dia cada um ganhou o seu rumo e o quinteto ficou só como uma lembrança.
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Obs: Imagem enviada pela autora