10 de janeiro de 2011
Estou aqui no meio da massa
sem nome, sem pai e sem casa
Amassado entre os estreitos corredores
lúgubres escuros e de meu cheiro
Sem asas estou aqui acanhado
num canto encostado ao lado de estranhos –
Não falam minha língua –
rebanhos que ninguém importa
deporta das terras da fome
do medo que amedronta
mesmo a tonta borboleta que, perdida,
me acompanha nesta jornada errante
Embrenhado na maior paisagem natural do mundo
cheiro a fumaça que arde as narinas
piso no óleo espalhado no piso de ferro
O que importa é que estou no meio de massa
incrível
sem asas
para um vôo leve entre as ondas
no meio das ilhas
Estou aqui no meio das águas
sujo e com sede.
Navio da ENASA
Belém – Santarém
Dez.88
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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