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Estamos às vésperas das eleições e esta é uma oportunidade para uma reflexão e um assumir esse direito básico – o de voto – numa perspectiva consciente e cidadã. Cada pessoa que vota quer ser representada, e bem representada, naquela instância , executiva ou legislativa. São muitos os descaminhos que permeiam uma eleição. Desde as propostas do candidato quando apresenta sua plataforma política, como a maneira que se impõe ao seu eleitor comparando-se ou denegrindo o seu concorrente, até o que oferece em troca do seu voto. Por causa da falta de consciência sócio-política, muitos eleitores escorregam no imediatismo da troca de votos por alguma benesse. Essa é, infelizmente, a prática que permeia a nossa realidade política.

Mas aqueles que exercem uma autoridade, devem fazê-lo como quem presta um serviço à comunidade e deve ser pautado por princípios ético-morais direcionados à dignidade da pessoa e à lei natural. O exercício da autoridade visa tornar manifesta uma justa hierarquia de valores, a fim de facilitar o exercício da liberdade e a responsabilidade de todos. Os que governam devem ficar sempre atentos a que as regras e disposições que tomam não induzam em tentação, opondo o interesse pessoal ao da comunidade. Os poderes políticos ligados à cidadania podem e devem ser reconhecidos conforme as exigências do bem comum.

O cidadão tem deveres e o primeiro é contribuir com os poderes civis, para o bem da sociedade, num espírito de verdade, de justiça, de solidariedade e de liberdade. Mas, por outro lado, o cidadão está obrigado, em consciência, a não seguir as prescrições das autoridades civis, quando tais prescrições são contrárias às exigências da ordem moral, aos direitos fundamentais das pessoas ou aos ensinamentos da fé que permeia a vida do cidadão.

Toda a comunidade humana tem necessidade de uma autoridade que a governe. A autoridade tem o seu fundamento na natureza humana. Ela é necessária para a unidade da Polis.O seu papel consiste em assegurar, quanto possível, o bem comum da sociedade. Mas como a autoridade não recebe de si mesma a legitimidade moral, por isso não deve proceder de modo despótico, mas agir a favor do bem comum.

De acordo com a natureza social da pessoa, o bem de cada um está necessariamente relacionado com o bem comum. E este não pode definir-se senão em referência à pessoa humana. Por bem comum deve entender-se, de acordo com a Constituição Gaudium et Spes do Vaticano II, “o conjunto das condições sociais que permitem, tanto aos grupos como a cada um dos seus membros, atingir a sua perfeição, do modo mais completo e adequado”. O bem comum interessa à vida de todos . Exige prudência da parte de cada um, sobretudo da parte de quem exerce a autoridade. Três elementos são essenciais nessa consideração:

– Supõe o respeito da pessoa como tal. Em nome do bem comum os poderes públicos são obrigados a respeitar os direitos fundamentais e inalienáveis da pessoa humana.

– Em segundo lugar, ele exige o bem-estar social e o desenvolvimento da própria sociedade. O desenvolvimento é o resumo de todos os deveres sociais. Sem dúvida, à autoridade pertence arbitrar, em nome do bem comum, entre os diversos interesses particulares; mas deve tornar acessível, a cada qual, aquilo de que precisa para levar uma vida verdadeiramente humana : alimento, saúde, educação, habitação, cultura, informação conveniente.

– Finalmente, o bem comum pede a permanência e segurança de uma ordem justa. Supõe que a autoridade mantenha a segurança da sociedade e dos seus membros.

Tenho alguns amigos que estão concorrendo às próximas eleições. A eles dedico essas reflexões para que sejam os portadores do projeto de uma política maior que sirva aos interesses do bem comum e não aos próprios..
Em Cachoeira o professor Adilson Gomes Souza concorre pela primeira vez à Câmara de Vereadores daquela Heróica cidade. Não foi em vão que sua apoteótica carreata no último domingo levou à cidade sua mensagem de “educação e cultura”, bandeiras com as quais está tão identificado. Também em S. Sebastião do Passé, o Presidente da Câmara, Janser Mesquita concorre à Prefeitura com o seu vice, que é o Pe. Mateus Lima – ele já foi Pároco da cidade e se “desincompatibilizou” para poder concorrer ao cargo eletivo. Janser sofreu um atentado, há um mês atrás : ele foi “atropelado” enquanto participava de um comício seu, por um candidato a vereador de partido contrário – sofreu traumatismo craniano, mas, mesmo com o uso de tipóias e colete, voltou a participar das atividades de campanha. Aqui em Salvador, o Presidente da Câmara, Valdenor Cardoso, tem prestado um bom serviço às comunidades da periferia e representa com dignidade os ideais de serviço ao povo. Vereador Silvoney Salles foi, praticamente, um dos primeiros amigos que descobri, ao chegar em Salvador. E o conheci num S. João em Cachoeira. Ele, além de ser um representante das praças de Salvador – e, é bom lembrar, a praça é o lugar da democracia, pois é um direito de todos se encontrarem nela, portanto, é lá que se inicia o conceito da Polis – ele mantém, há quase vinte anos, obras sociais em Mussurunga, com atendimento médico, biblioteca e orientação psicológica, tudo sob a chancela de sua esposa Zenaide .

Que os bons políticos nos representem bem e que abram espaços para as justas reivindicações dos seus representados.
Diz o Catecismo da Igreja Católica:”Se cada comunidade humana possui um bem comum que lhe permite reconhecer-se como tal,é na comunidade política que se encontra a sua realização mais completa” .(1910).

*Professor Adjunto de Antropologia da UNEB, da Faculdade 2 de Julho e da Cairu. Membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, da Academia Mater Salvatoris, Sócio da Associação Nacional de Interpretação do Patrimônio, Sócio Efetivo do Instituto Genealógico.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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