Caminha em meu corpo lutas e vitórias à procura de teu ombro ausente
golpeado em silenciosas aflições…
Em teus gestos, a agonia de ser nesta longa espera…
Invisível lágrima escorre em minhas mãos abertas…
Ritos silenciosos marcam nos limites do suportável sombras e delírios…
Na poeira de teus pés, um misto de (in)certezas e (des)encantos…
Adormeço em folhas abatidas e mergulho em uma tardia intuição…
Impossível alterar os ponteiros da vida na esquecida memória a sinalizar o passado que já se foi…
A esperança se agita e a palavra explode num estranho grito de solidão…
Laços partidos desgastam o coração em sombras distorcidas…
Onde te buscar?
O tempo distante se faz momento de saudade…
Devoro amarga dor, confusa escuridão…
Deixa-me libertar tuas porções retidas em nossos atalhos minados,
cansados de serem dedilhados em canções inacabadas…
Na escadaria, passos anônimos amedrontam as nuvens em passarela…
A nostalgia toma dos meus sonhos gotas de orvalho, destruindo as sementes abandonadas e dispersas…
Em campo bombardeado, intermináveis espinhos colhidos…
Exala em teus lábios a verdade traduzida em ternura
atropelando apelos em um incontido e inquieto amor…
Momentos eternizam acordes desafinados a vislumbrar chamas
que já não conseguem apagar o aroma de tuas pulsações enlouquecidas…
25.03.2005