Em 1982, quando Dom Tiago Ryan – Bispo da Diocese de Santarém – Pará- me pediu para entrar em contato com os meninos engraxates que trabalhavam na Praça da Matriz, no primeiro contato e conversa com eles descobri como se sentiam não tendo valor para a sociedade. Ninguém se preocupava com eles. Estavam trabalhando para ajudar no sustento familiar, a maioria só com a mãe em casa tentando lidar com todas as atividades e problemas familiares. A partir daquele momento formei uma equipe de professores para ajudar acompanhar estes meninos com o objetivo de fazê-los sentir que possuíam valor como pessoas humanas e filhos de Deus.
Começamos com reuniões no salão paroquial da Catedral (cedida pelo Pe. Valdir Serra) onde eles aprenderam a revelar sua experiência de vida e escutar a história dos colegas. Sempre iniciamos as reuniões com silêncio, concentração e a oração do Pai Nosso de mãos dadas. Aprenderam ficar em silêncio e escutar com atenção o depoimento do colega, respeitando-o e valorizando-o. Sempre houve um grupo de jovens e senhoras disponíveis para prepararem uma merenda, sopa, ou baião; organizamos passeios e espaços para brincar; acompanhamos suas atividades no local do trabalho para verificar seu respeito pela freguesia. Visitamos as suas famílias para verificar a situação em casa e esclarecer o nosso programa com seus filhos: dormindo em casa…estudando…estar na rua somente para trabalhar, participando nas nossas reuniões. Esta organização de acompanhar e ajudá-los a colocar limites nas suas vidas deu fruto: quando qualquer ser humano se sente valorizado e amado, ele começa a se sentir bem e a mudar de vida, tomar atitudes mais positivas, ser mais humano no relacionamento, respeitar mais o outro; assim estamos formando novos cidadãos, transformando-os em agentes de mudança…na família, no grupo, na escola…na sociedade.
Obs: Essas imagens são da Sede da Pastoral do Menor, atualmente.