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Não entendo, não posso compreender,
Quanto barulho, quanta apelação,
Sou sabedor, era uma menina,
Morte brutal, desumana,
Mas por que tanto barulho?
Mas brutal e desumano…
É morrer de fome num país tão rico,
É morrer à espera de um leito nas filas dos hospitais.
Cadê a TV que não notícia isso,
Cadê o respeito aos pobres,
Sou sabedor, era uma menina,
Família influente na sociedade?
Será que isso?
Não consigo aceitar.
Mataram 19 pessoas que lutavam por terra no Pará.
Onde estava a imprensa?
Cadê os culpados?
Ah, os mortos eram pobres…
Trabalhadores,
Pais e mães de família,
Só queriam terra,
Sonhavam sobreviver,
Queriam alimento,
Suas mortes foram sufocadas pela grande mídia,
Não eram de classe social abastada,
Que pena!
Quanto barulho, quanta apelação,
Morte brutal, desumana,
Mas por que tanto barulho?
Quantas mortes no trânsito com maior brutalidade…
Quantas chacinas desumanas?
Quanta droga sendo vendida, consumida,
E cadê a mídia que não notícia os problemas sociais da maioria?
Quando o faz, são segundos,
Da menina…já são semanas,
Qual o interesse?
Sensibilizar?
Domesticar?
Desviar nossa atenção?
Enquanto isso…
Milhões de Isabelas morrem todos os dias jogadas do sexto andar da pobreza,
Ninguém para registrar e fazer a perícia,
Ninguém para registrar a prisão ou a soltura dos suspeitos,
Aliás, nem se falam em suspeitos de tão natural que é.
*Professor da Rede Pública Municipal de Santarém
Pedagogo e Especialista em Ciências Sociais, formado pela UFPA
Graduando do Curso de Química pela UFPA.