Walter Cabral de Moura 19 de abril de 2008

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dedicado a todos os novos poetas

Ai de mim que cheguei tarde !
Como farei poesia
se está agora quase tudo dito ?

Líricos poetas já estiveram aqui
que cantaram amores, umas solidões
além de abandonos, e beatitudes
versejaram enlevos e contemplações.

Trêmulos cantores já estiveram aqui
a solfejar revoltas, e desilusões
e cravaram facas, e rasgaram as roupas
e deixaram, lívidos, a mensagem atônita.

Báquicos amantes também não faltaram
que já bem louvaram corpos excitados
e já bem dançaram danças sensuais
e melhor gozaram e chegaram à paz.

Ai de mim que cheguei tarde !

Nada me restou, exceto estas palavras
que ninguém já ouve, que ninguém mais quer
que recolho, lento, como se amanhã
fosse um tempo findo que não haverá
e toda a poesia que pudesse ser
fosse ver, sentir e, enfim, calar.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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