Uma porta envelhecida sangrava em meu olhar de criança…
Tranças coloridas buscavam lágrimas de puro encanto, marcas impregnadas em um beijo esquecido…
Na memória dolorida, um momento de saudade desperta atalhos percorridos ao tentar riscos e circunstâncias, penumbras e descompassados sentimentos…
Não tenho mais o cansaço do olhar ferido,
o vôo de um silêncio emudecido,
o tempo sonolento que me carregava em asas partidas do coração a gotejar (in)certezas …
Não…
Basta a vida em círculos disformes, bebida no (des)encontro de ser…
Basta um leito vazio de agonias abraçadas a repousar em meus braços tingidos de um dourado a incendiar aromas e gorjeios secretos de sombras ausentes…
Basta a madrugada entrelaçada em emoções enlouquecidas,
corpo a soluçar um lirismo desnudado,
pulsações incontidas em um desejo de entrega…
…
… na janela a ferrugem empoeirada do vazio estaciona no ardor interminável da paisagem,
sabor amargo de palavras enfurecidas,
perguntas embriagadas…
Sonhos rascunham o amor trôpego a evocar teias opacas na canção apressada que se perdeu em nossas mãos trêmulas e sufocadas de estranha melancolia…
Debruço-me em teus lábios febris a explodir inquieta solidão…
24.02.2008