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Na sexta feira passada ocorreu um encontro diálogo entre representantes dos povos ameaçados pelos projetos hidroelétricos na Amazônia de um lado, e de outro, representantes da presidenta da República. O diálogo foi requerido pela Aliança Rios Vivos da Amazônia, composto de organizações em defesa das bacias dos rios Madeira, Teles Pires, Xingu e Tapajós. Pareceu um diálogo democrático do governo do povo, com representantes da sociedade civil organizada da Amazônia.

Segundo informações, foi um encontro cordial e promissor. Os representantes da presidenta ouviram denúncias graves sobre os desastres que ocorrerão na região, caso as usinas venham a ser feitas. O que já ocorre nestes dias em Porto Velho e na redondeza das construções das usinas de Jirau e Santo Antônio, são o espelho do que ocorrerá nas outras regiões onde usinas estão projetas pela Eletronorte. O que, aliás, não é segredo nem novidade para a presidenta.

O que deixa certas pessoas céticas diante da amável cordialidade do governo central é que já houve outros diálogos anteriores sobre os mesmos projetos hidroelétricos. Neles, o governo federal prometeu respeitar as preocupações das organizações sociais da Amazônia, mas na realidade os planos continuam a ser executados, o que revela a democracia como governo do demo.

Nesse confronto dito democrático entre o demo e o povo, vai ficando claro que só há uma maneira de se empatar esse plano demoníaco de hidroelétricas nos rios Tapajós, Xingu e Teles Pires, é o povo dessas regiões despertarem, unindo forças e resistindo da forma enérgica.

Nesta hora é que terão de provar suas finalidades democráticas, em seu real significado os sindicatos, as associações de moradores, as igrejas cristãs, as organizações de médicos, professores, empresários, estudantes de nível médio e universitários, formando uma aliança forte em defesa dos rios, dos ribeirinhos, indígenas, em fim, uma resistência ativa pela dignidade dos povos dos rios Tapajós, Xingu e Teles Pires.

Caso não se crie essa união de organizações vai acontecer com os outros rios, o que já ocorre com os povos do rio madeira em Rondônia, onde duas hidroelétricas já estão sendo construídas, o rio está bloqueado, Porto Velho é um inferno de desordem social e ambiental. Democracia só existe quando o povo age!

* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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