A continuidade da vida na romaria das piracemas.
São cardumes a procura de águas puras
Onde a correnteza se encarrega de expulsar
Sem cordialidade o ser humano.
Nessa corrida instintiva pela vida
Nossos cardumes alimentam bocas famintas,
Homens e mulheres que já conhecem os movimentos de nossas espécies,
Experiência adquirida ao longo da vida.
São os saberes de um povo que aprendeu a fazer fazendo e refazendo.
Aprenderam com a natureza
O momento certo da captura com seus artefatos pesqueiros,
Quase sempre feitos artesanalmente por mãos hábeis.
São redes insignificantes para a imensidão de água barrenta,
Mas o amazônida sabe pela vasta experiência
O local e a hora da passagem do anunciar da vida,
Um advento com festa e tristeza,
Alimento fácil na mesa de muitos,
Porém, a certeza de um futuro escasso.
Na luta pela sobrevivência uns morrem
Para garantir a continuidade da ciranda da vida.
A harmonia natural em contraste com a ação do homem,
E assim a natureza se rebela,
Árvores e barrancos sendo arrastados pela fúria de nosso rio majestoso.
É a sua insatisfação com o ser humano inconseqüente.
Nossos igarapés são veias pulsantes
Alimentando esse corpo gigantesco chamado Amazônia,
Um corpo que precisa com urgência da fonte da juventude,
Pois está velho e doente resistindo ao tempo.
Nossos caboclos e aventureiros “desbravadores” agem como o invasor europeu,
Não pedem licença para nossas espécies
Não pedem desculpas por seus atos assassinos.
Mas a natureza aprendeu a se defender se alto – flagelando, infelizmente,
São chuvas e temporais,
Secas e enchentes
Que por alguns instantes nos remetem a uma reflexão desesperada pela continuidade da vida.

Professor da Rede Pública Municipal de Santarém
Pedagogo e Especialista em Ciências Sociais, formado pela UFPA
Graduando do Curso de Química pela UFPA.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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