A vida é feita de momentos que se desmancham no ar…
Não existe palavra para defini-la, apenas o sentimento do (im)possível, o questionamento do absoluto, o silêncio de verdades amargas e sombras de uma inquietude a provocar esquecimento…
Há um vazio não colhido e mãos comovidas; poemas retirantes perdidos na paisagem empoeirada…
Habito em tua memória e escuto o sussurro do amor a interromper soluços doloridos compondo na magia da ternura um grito absurdo, mas liberto, uma lágrima algemada forçando caminho…
Embriago-me com a tua ousadia, melodia interrompida na direção dos sonhos, loucuras e desejos…
Na travessia da estação procuro o que resta no inesperado, o que brilha no crepúsculo, o que anoitece nos passos dispersos e afago a alma ferida, emudecida…
As nuvens se confundem e os galhos se recusam a provar da saudade…
Afogo-me em teus lábios acorrentados e suados e prossigo a decifrar teus sentidos inflamados, teu (in)finito enigmático…
19.08.2007