Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM)
Dois de novembro, dia dos finados, memória de tantos falecidos. Finado Manoel, finada Joana, finado Zezinho e, também, dia de finada natureza. Um quarteirão que é o pátio do Ibama em Santarém está lotado de toras de madeiras apreendidas, ilegais. A floresta está sendo assassinada por inescrupulosos fazendeiros e madeireiros.
Cada vez que os funcionários do Ibama levam a sério sua função profissional, mais balsas e caminhões são flagrados com madeira roubada. Estranho é que não se ouve falar que a justiça já tenha punido com prisões os ladrões de madeira.
Multas até bastante altas são aplicadas, mas nunca se sabe se são pagas. Enquanto isso, vai sendo destruída a floresta, que depois vira pasto, que depois virá grande plantação de grãos. E vai mudando o ambiente, aumentando o calor.
Enquanto inescrupulosos procuram se enriquecer a qualquer custo, lá fora se fala de proteger a Amazônia, em se diminuir a poluição do planeta e o aquecimento global, palavras que entraram na moda, mas de eficácia duvidosa. Ao mesmo tempo, toda a madeira extraída da floresta, 80% dela ilegal, segundo informação de entendidos, vai para São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Sul, Europa e América do Norte.
Como controlar o aquecimento global se os interesses econômicos é que determinam a vida do país e os PACs oficiais e oficiosos, garantindo os lucros dos criminosos da floresta amazônica? A sociedade mundial vive numa farsa, de um lado se diz preocupada com as mudanças climáticas, querem proteger a natureza, do outro lado, aceitam o comércio intensivo da madeira ilegal da floresta amazônica.
O Ibama até que tenta cumprir sua função, mas daqui a pouco terá que abrir novos quarteirões para acumular madeira roubada, já que a justiça é mesmo lenta e cega. Por isso, o dia 2 de novembro é dia de finados, finado Jatobá, finado Magno, finada Maçaranduba e finada Floresta Amazônica.