Escuto declarações festivas sobre os investimentos gastos para mostrar um Brasil disfarçado,
ornamentado de belezas reais mas proibidas aos que não conseguem segurar mais a esperança diante de corpos violentados ou abandonados…
Há um suor de ousadia, de substância buscada, de alma dolorida penetrando o percurso da libertação…
Há um suor contraditório, retalhado em sangue derramado,
madrugada atenta para não ser fragmentada em taça envenenada, reservada a um grupo privilegiado…
Há um pão (re)partido, escondido entre migalhas de um silêncio amordaçado a esperar a seqüência rotineira dos desencontros,
sucessão de absurdos desfilando nas avenidas, no aplauso dos famintos, magia de olhares esquecidos no rascunho do avesso da alma…
É tempo de desvendar o aroma da realidade na conscientização assumida;
retomar a luta pela coerência, custe o que custar…
É tempo de arrebentar paredes na travessia interrompida;
questionar o extremo na turbulência; ignorar palcos de ilusão, pois viver é mais do que um fogo ardendo nos espinhos…
Há um manto transparente no regresso,
um lençol dourado tecendo saudades,
espumas beijando lábios no murmúrio de um amor vencido na resistência prolongando sonhos…
30.07.2007