O grande problema que assola, hoje, a Amazônia quanto à exploração pura e simples para o acúmulo de capital, principalmente, dos produtores de grãos e do setor madeireiro é uma herança da propaganda e do incentivo sem fronteiras éticas da política de ocupação e povoamento desta região iniciada pelo governo brasileiro – Ditadura Militar – nas décadas de 60, 70 e início dos anos 80. Um povoamento que pudesse sustentar-se na exploração desenfreada de nossas riquezas naturais. E essa política de devastação continua até os dias atuais e com efeitos quase irreversíveis em algumas áreas desse grande organismo chamado Amazônia.
Não quero defender uma Amazônia intocada, quero sim, alertar para que políticas públicas ambientais sejam discutidas a fim de se encontrarem mecanismos que possibilitem a exploração de nossas riquezas com o mínimo de agressão ao meio ambiente, pois soa como irracional uma exploração que mata sem perceber a importância da preservação desse espaço para a humanidade.
E quando eu falo de Amazônia brasileira, não estou querendo delimitar propriedade, estou propondo, enquanto humanista, que se encare com sensatez a possibilidade de salvar a Amazônia. E por que não com a sua internacionalização? Não estou dizendo para venderem a Amazônia, mas que se pense esse organismo como um bem da humanidade, pois sua destruição ou preservação afetam não só os brasileiros, mas toda a população mundial. Pensando assim, porque somente o Brasil se diz dono e gerenciador desse espaço geográfico? Não seria mais prudente que a humanidade pudesse participar das discussões de uso desses recursos, bem como ajudar na fiscalização dessa exploração? Sinceramente entendo que sim, e que tudo que esteja ligado direto ao bem-estar da humanidade deveria ser internacionalizado.
Não estou pedindo que vendam a Amazônia brasileira, é diferente, estou propondo que mais países possam estar discutindo políticas públicas para esta região. Quem sabe desta forma nossas leis ambientais sejam respeitadas.
É extremamente constrangedor, como amazônida que sou e que cresci vendo a beleza de nossa Pérola do Tapajós – Santarém-PA -, assistir aos desmandos de madeireiros e grandes produtores de grãos, principalmente, exterminarem nossas florestas sem o menor pudor e pior, com o aval de alguns funcionários públicos federais do IBAMA e do INCRA e, claro, com o apoio de grande parte de nossos políticos e de nossa população ignorante política e ambientalmente.
Está na hora do governo e da sociedade civil organizada brasileira, reconhecerem que estão falhando enquanto gestores de um patrimônio da humanidade com valor inestimável e pedirem ajuda a outros países. É essa a internacionalização que eu defendo uma internacionalização que ajude a amenizar o problema da devastação de nossas matas, e conseqüentemente, de nossas ricas fontes de água doce.
A Amazônia pede socorro, e esse é um grito que não deve ser ouvido apenas por brasileiros, mas por toda a humanidade e a urgência desse socorro se faz necessária, principalmente, para garantir a continuidade de nossas espécies singulares, inclusive a do próprio ser humano.
Professor da Rede Pública Municipal de Santarém
Pedagogo e Especialista em Ciências Sociais, formado pela UFPA
Graduando do Curso de Química pela UFPA.