Já não sei quando palavras traduzem sentimentos,
ausência aglutinada em silenciosas ironias…
Paredes desbotadas,
suor em confuso espiral de pensamentos…
Já não sei se a morte aprovou a solidão,
corpo abandonado no esquecimento de ser,
olhar febril apostando no cansaço de não-ser…
Assalta-me tua imagem na estação consumindo desejos de possuir certezas…
Evidências naturalizam a alma (re)torcida,
gritos amedrontados,
apodrecidas lágrimas,
quedas no anoitecer da dor…
Já não sei se será possível retornar aos teus braços…
Ousada vida (re)construída no espelho do anonimato…
Forças cambaleando na escuridão despertam para não habitar o inferno sagrado…
Peregrinas na tirania soberba de normas travestidas…
O amor em um inacreditável momento se espanta,
adormece e desaparece na estrela nublada, eternizada na paisagem empoeirada…
Irresistível saudade, percurso desprendido,
identidade fragmentada no soluço que nos entrelaça!…
15.03.2007