No topo daquela árvore, que doava gratuitamente a sua vasta sombra; fui a primeira flor a nascer. Linda, médio porte, cheiro singular e de amarelo muito forte. As abelhas me sugavam. As borboletas pousavam em mim. Libélulas e beija-flores me cortejavam também. Tiraram de mim minha vida, minha potência e eu, inocentemente não me dei conta, sentia-me lisonjeada com tanta corte! Um dia porém outras irmãs nasceram e em abundância. Eu fui ficando pra trás. Mais comum já que éramos tantas… Pela idade o meu mel de tão explorado era pouco. Não era mais a preferida…. O amarelo lindo que ostentava, desbotou. Fui minguando, sumindo e tombei. Tombei do alto, e no chão cheguei. Fiquei até inerte por algum tempo. Senti que estava sendo levada e até gostei… Com esforço, levantei uma pétala e percebi que um mundo de formigas me levavam pra seu imenso formigueiro. Lá chegando meu espanto foi maior! Tinha sido escolhida, pra enfeitar o formigueiro em festa, por ter sido eu a primeira daquela árvore.
Fiquei feliz e continuei a viver!
Enquanto pude
24/07/06