Cultua-se o poder, a riqueza, o prestígio, as artes, as letras, a virtude e até o crime, o pecado, o mal.
Há, porém, uma época do ano, precisamente fevereiro ou março, em que os sentimentos humanos brasileiros arregimentam, alavancam, monitorizam suas potencialidades para o CULTO À FOLIA.
Tudo isso constitui o cenário contagiante dos três dias consagrados ao deus da sátira e do riso – MOMO.
Num longínquo passado, o nosso CARNAVAL, ajuizadamente festejado, transmitia muito romantismo e ingenuidade com as clássicas personagens da antiga comédia italiana e que se acoplaram como expressivas protagonistas dos nossos festejos carnavalescos – Pierrot, Arlequim e Colombina. O uso adequado do lança-perfume, confete, serpentina, os desfiles organizados dos blocos, do corso, os papangus, os mascarados e muitas outras coisas contribuíam também para aquele clima de simplicidade, animação e ausência da maldade.
Quantas saudades!… Muitas saudades!…
As músicas carnavalescas com o seu autêntico ritmo despertavam em todos uma completa animação para o desempenho da mais típica e espontânea coreografia, que é o conhecido e tão nosso PASSO com suas várias modalidades.
É lamentável que o nosso CARNAVAL venha se descaracterizando com a execução de músicas baianas e outras modificações, comprometendo assim a sua origem, o seu sentido, a sua realidade, enfim, comprometendo assim a sua origem, o seu sentido, a sua realidade, enfim, comprometendo o nosso característico FREVO.
O CARNAVAL é a nossa festa. É a festa do Brasil e especialmente é a festa pernambucana.
O CARNAVAL é por excelência a festa do povo onde todas as classes sociais se unem, reúnem, misturam-se, confundem-se, esquecendo os preconceitos, nas ruas, nos clubes, em toda parte.
Alguém já afirmou que o CARNAVAL é o ópio do povo, pois, durante o mesmo, as pessoas esquecem suas mágoas e dores, extravasam seus desejos e sentem-se intérpretes de cenas e personagens que gostariam de vivenciar realmente.
Procuremos prestigiar e contribuir para a realização de um CARNAVAL animado, ordeiro e digno em nosso País, em nosso Estado e principalmente em nossa cidade e assim estamos preservando a nossa cultura, a nossa tradição.
É dever do verdadeiro folião e de todo cidadão combater o excesso de erotismo incentivado sobretudo por nossas Escolas de Samba e muito divulgado pela TV e diminuir o culto a Baco com uma moderada ingestão de bebidas alcoólicas, tão maléficas e prejudiciais.
Que o CARNAVAL seja realmente aquela festa de alegria e do congraçamento, unindo as pessoas num divertimento sadio e animado, a exemplo do GALO DA MADRUGADA, já internacionalmente conhecido.
Enfim, coloquemo-nos no meio da multidão num contagiante PASSO ao som de ritmado FREVO, exaltemos MOMO, o Deus do CARNAVAL e entoemos o nosso EVOÉ de PAZ e FELIZ CARNAVAL, na mais bela edificante atitude de um justo e acertado CULTO À FOLIA.
(autora de Retalhos do Cotidiano)