Quando contemplamos a nossa realidade, não podemos deixar de sentir o que Jesus sentiu quando viu as multidões de seu tempo. Jesus olhou e sentiu compaixão, porque eram pessoas cansadas e abatidas como ovelhas que não têm pastor.
Quanta miséria humana! Quanto sofrimento, quantos problemas, quanta desilusão, quanta solidão, quanto amor negado! Infelizmente é esse o quadro que se apresenta diante de nossos olhos. Conseqüência da irresponsabilidade humana. “Venham a mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso de seu fardo, e eu lhes darei descanso”. (Mt 11, 28). Foi o convite amoroso de Jesus naquele tempo. Esse mesmo convite é feito a todos os sofredores de hoje.
É verdade que há problemas que não tem solução, há dor que nenhum remédio, nenhum analgésico cura. “Aprendam de mim” quer dizer sejam pacientes como eu, aprendam a administrar as situações adversas. Quem melhor do que Jesus pode nos ensinar? Quando ele diz “aprendam de mim”, parece querer dizer: eu passei por todas as situações de sofrimento para compreender toda a dor humana. E nesse sentido temos que ser peritos, especialistas.
Jesus viveu na extrema pobreza, começando por nascer num estábulo. E a dor da paixão? É fácil celebrar a Paixão de Jesus na semana santa. Há toda uma mística própria daquele tempo, mas será que conseguimos pensar na dor que ele experimentou? E seus milagres, quem os reconheceu? Como Jesus sofreu por isso! Diz o Evangelho que ele até censurou as cidades onde realizou a maior parte de seus milagres, porque as pessoas ficaram insensíveis.
Quando falamos de solidão, quem entende disso melhor do que Jesus? Ele foi desprezado, sentiu o fracasso, foi abandonado. Experimentou o abandono até do Pai. “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Mt 27, 46). Se falarmos em negação do amor, não podemos esquecer que Jesus fala de experiência e ninguém tem mais autoridade do que ele nesse assunto. No sofrimento Jesus é bastante experimentado. O profeta Isaías até a ele se refere, falando de um “homem das dores, experimentado no sofrimento”.
“Aprendam de mim” é o convite de Jesus a ficarmos unidos a ele, de tal modo que, aos poucos, a sua amizade nos console e nos conforte em todas as nossas dores. Unidos a ele toda dor vai adquirindo sentido profundo. Precisamos dar sentido ao sofrimento, porque sofrer por sofrer não vale a pena. E quando o sofrimento tem sentido ele é uma riqueza para a nossa vida e para a vida dos outros. O apóstolo Paulo, grande referencial para a imitação de Cristo nesse sentido, assim nos ensina: “Agora eu me alegro de sofrer por vocês. Pois vou completando em minha carne o que faltou nas tribulações de Cristo, a favor do seu corpo que é a Igreja” (Col 1, 24). Quando buscamos dar sentido ao sofrimento, a paz volta a nossa alma, muitas vezes conturbada.
É no sofrimento, na dor que nos parecemos mais com Jesus e foi também assim que ele quis parecer-se mais conosco. Foi por isso que ele sofreu. A vida de Jesus é a escola do sofrimento. “Venham e aprendam de mim”.