Há dias assisti pela TV a cenas tão chocantes que me revoltaram e entristeceram. Famílias com prole numerosa, na zona rural do nosso município, expondo amargamente a sua absoluta miséria = ausência total de alimentação em suas pobres moradas.
As crianças que na sua maioria são lindas, refletindo o encanto da pureza infantil, naquelas casas eram o protótipo da fealdade: magras, pálidas, famintas, desnutridas, sujas, doentes. Parecendo ter idade inferior à sua faixa etária. Choravam, imploravam alimento, apelo a que os pais não podiam atender. Não tinham realmente o que comer!…
Doeu-me mais ainda a figura de um jovem de quinze anos que mais parecia uma criança de dez anos, queixar-se de “uma dor na barriga”, pois, há dois ou três dias não se alimentava. Era a desumana DOR DA FOME!…
Ali mora verdadeiramente a MISÉRIA!…
A FOME é uma triste e injusta realidade existente há muito tempo no mundo e ainda subestima a pessoa.
O grande pernambucano, médico e geógrafo Josué de Castro foi o homem que teve a coragem de destemidamente apregoar esta grande verdade, enquanto os outros a conheciam, entretanto, tinham medo de fazer o mesmo.
O seu livro “A Geografia da Fome” com o subtítulo “A Fome do Brasil” – onde como geógrafo conhecia o nosso território e a miséria de nossa gente, ressaltando-os- valeu-lhe prisão, exílio e outras injustiças.
A FOME castiga muitos países da África e América Latina.
É constrangedor ver crianças e adultos transformados em espectros humanos, quais tenebrosos esqueletos prestes a se quebrar!…
A alimentação é um dos direitos do homem e condição sine qua non à vida.
A ausência do alimento enfraquece o corpo e o espírito, pois, já foi constatado baixa de rendimento escolar naqueles alunos subalimentados. O próprio Mestre no seu jejum de quarenta dias no deserto, quando sentiu fome precisou usar o seu poder divino para não ser vencido pela tentação diabólica.
Acredito que algumas vezes muitas pessoas já sentiram fome em viagem, por prescrição médica, em voluntária penitência, para beleza e estética física etc, etc. Essa FOME está bem distante da inevitável e involuntária FOME imposta pela injustiça na divisão de rendas dos governos e povos.
Enfim, qual a solução para o impiedoso problema da FOME?
Medidas definitivas e justas, através de distribuição equilibrada de recursos aplicados pelos poderes públicos ao homem, vendo-o como um ser que tem seus direitos divinamente reservados e humanamente adquiridos e não como algo que apenas fornece número a estatísticas.
Também não cabe a mim, a você, a todos, enfim, eximir-se de culpa. Ao banquetearmo-nos e refestelarmo-nos em conforto, usemos de parcimônia.
Dai de comer a quem tem fome, protagonizou o MESTRE que nos deu o exemplo de sua preocupação com os famintos, realizando o milagre da multiplicação dos pães, por duas vezes.
Procuremos ver sempre no pobre a imagem do CRISTO, lembrando suas divinas palavras: O QUE FIZERDES A UM DESSES PEQUENINOS, É A MIM QUE FAZEIS.
E assim, povo e governo contribuirão para aplicar na humanidade o eficaz remédio contra a cruel DOR DA FOME.
(autora de Retalhos do Cotidiano)