Aplicação do sistema preventivo de D. Bosco no cotidiano escolar.
Antes de tudo, é importante ter consciência das dificuldades estruturais e buscar com criatividade salesiana, formas de vivenciar o sistema preventivo de D. Bosco. Por exemplo: De que forma, no cotidiano escolar, o diretor ou diretora superará sua fisionomia patronal, que nunca deixará de ser no atual sistema econômico em que vivemos, para fazer valer sua fisionomia paternal, como quer o jeito salesiano de educar? Como nossos professores vão encontrar tempo para brincar, dialogar e conversar com os alunos, se outra escola já o aguarda ou o pequeno espaço de tempo que tem, é destinado à correção de uma quantidade enorme de tarefas? É possível! Mas é preciso muita criatividade. O certo é que existe diretor ou diretora que é mais amado por alunos, pais e professores, que outro. Por que? Soube ser mais pai que patrão; como certo é também que há professores que se perpetuam na memória dos alunos.
Vamos expor aqui alguns elementos que podem nos ajudar na prática do jeito salesiano de educar, fundamentados na trilogia do sistema preventivo: razão, religião e carinho.
RAZÃO: entendida como racionalidade, guia de vida através das idéias, da verdade e do bom senso. Dentro desta dimensão é fundamental a coerência de vida ou a sintonia entre a palavra do educador, seus atos e gestos. Assim o professor se manifesta como verdadeiro educador e os educandos depositam nele, grande confiança’.
RELIGIÃO: O jeito salesiano de educar assume a missão educativa espelhando-se na atitude do Bom Pastor do evangelho aurindo nele o dom do amor aos educandos. ‘Basta que sejais jovens para que eu vos ame’ (D. Bosco). Nossa escola é confessional de tradição religiosa cristã, católica e salesiana como tal tem a obrigação de oferecer a seus alunos e ao ambiente educativo, de forma geral, oportunidade de celebrar os grandes acontecimentos da tradição cristã, católica e salesiana.
Constitui uma traição à missão da escola confessional, não fazer esta oferta de forma ecumênica, livre, motivada, divulgada e muito bem preparada. Pais, professores, alunos, funcionários e amigos da obra salesiana devem exigir e cobrar, entendendo que a academia não se reduz unicamente à transmissão de conhecimento escolar, mas além disso, atividades religiosas, e participação em atividades sociais e culturais. A este propósito, Frei Beto assim se expressa: ‘se a escola for laica, o ensino religioso é plural; o rabino fala do judaísmo; o pai de santo do candomblé; o padre do catolicismo; o médium do espiritismo; o guru do budismo etc. Se for católica, há periódicos retiros espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da igreja’. Um pouco mais na frente, Beto acrescenta: ‘Os professores são obrigados a fazerem periódicos treinamentos e cursos de capacitação, e só são admitidos se, além da competência, comungam com os princípios fundamentais da proposta pedagógica e didática. Porque é uma escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido do que seja democracia e cidadania’. Essa escola não forma consumidores mas cidadãos (A escola dos meus sonhos, Jornal Opinião 23 29 de junho de 1997, nº 412).
AMOR [amorevolezza]: É o que define melhor o jeito salesiano de educar pois é a expressão da prática educativa. É aqui que se pode revelar o perfil do(a) educador(a). Quem mais consegue assumir a experiência de comunhão com os educandos, em clima de espontaneidade, de amizade e de alegria, favorecido por uma comunidade (?) e um ambiente educativo é que se aproxima da fisionomia do educador salesiano. Adquire confiança dos alunos, seu ensino é ‘dado com autoridade’ e a ele se pode atribuir a afirmação bíblica : ‘Ama e faz o que quiseres’.