Pedagogia de Jesus, fonte inspiradora da educação salesiana.
A época de Jesus não era tão diferente da nossa; o povo vivia esmagado por duas forças: a política e a religião. O governo local, apoiado pelo governo central (Roma), excluía e discriminava as pessoas, comunidades ou clãs; a lei de Deus era usada pelas autoridades para justificar a exclusão. Ao contrário, o Reino de Deus que Jesus anunciou era uma proposta de fraternidade que Deus sonhou para todos e não uma observância a ser cobrada ou uma doutrina a ser imposta. Certamente Jesus freqüentou escola, pois a bíblia nos diz: ‘na sinagoga levantou-se para ler’ e depois de ler ‘enrolou o livro, entregou ao servente e sentou-se’ (Lc 4, 17.20). Apesar de letrado não ensinava só na sinagoga, mas em qualquer lugar que houvesse gente para ouvi-lo: deserto, barco, monte, caminho, casa etc. Mas a verdadeira escola de Jesus era a vida: o evangelista comenta: ‘Jesus crescia tanto em estatura como em sabedoria’. (Lc 2,52). A exemplo dos rabinos da época, mas de forma diferente, Jesus reúne, ao redor de si, discípulos. Os discípulos seguem o mestre por onde quer que vá, não importa por onde, mesmo que tenha de carregar uma cruz ou subir o calvário. O caminho do mestre nem sempre é fácil; aqui dá atenção especial aos excluídos, ali chama atenção para os fracos do povo e, mais na frente, atenta para a atitude de serviço. Em nossas escolas a relação que se dá é: entre professor-aluno; mais magisterial (trabalho do grande) que ministerial (trabalho do pequeno); mais ‘professoral’ que de serviço e de testemunho. No jeito diferente de Jesus educar, a relação é discípulo-mestre. O mestre dá testemunho e o discípulo segue.
O ensino de Jesus não era distante da vida do povo; quando ensina usa parábolas. É uma forma participativa de ensinar e de educar. Os doutores da lei, rabinos e escribas (educadores letrados formados em escolas) ensinavam que Deus só se manifestava na observância da lei. Jesus, ao contrário, contesta e diz: ‘o Reino de Deus já está presente no meio de vocês’ (Lc 17,20). O ensino de Jesus, ao contrário de apelar para a lei e o culto era ‘novo’ e ‘dado com autoridade’. A autoridade de seu ensino era sua coerência de vida.
No encontro com Nicodemos, com a mulher samaritana e com os discípulos de Emaús, Jesus surpreende com sua pedagogia ao adotar uma metodologia diferente em cada situação. Sem titulação alguma, o divino mestre problematiza os que a tem e elege o que é essencialmente humano, como ponto focal de sua pedagogia.