De repente,
Explodiu do passado
E rebentou, cheia de lágrimas
No rosto do menino,
Que ontem fui.

E veio caminhando pelas ruas
A predizer as coisas do futuro
Num velho realejo a manivela.

Os olhos do menino inebriado,
Que enxugava esse pranto indefinido
Predizia que havia em seu futuro,
Um velho realejo encarcerado.

O passado fixou-se na retina
E um velho paletó da cor de carne
Do velho mensageiro de alegrias
A distribuir felicidade pelos ventos.

A valsa que era alegre, ficou triste,
O sonho que sorria, ficou pálido,
A dor que não era, foi crescendo
E cantou como uma pássaro ferido.

O sonho que era valsa, foi embora
Carregando um paletó amargurado,
Um velho realejo de som rouco
E a nota persistente do passado.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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