As pessoas se juntam quando tem um interesse comum (econômico, político, religioso, ideológico, afetiva…) ou quando sentem uma iminência de perder conquistas. Quer dizer, os encontros se dão por uma constatação de fraqueza ou de impotência frente a uma situação que nos parece intransponível e ameaçadora.
Num primeiro momento, pode prevalecer nessa busca de encontrar-se, a forma do “do ut des”, uma espécie de egoísmo recíproco de quem “dá para receber”. Uma segunda forma pode ser o da compaixão enquanto esforço de colocar-se no lugar da outra pessoa e sentir suas dores. Não é a pena; é a ajuda de alguém que não aceitando o sofrimento alheio, tenta aliviar-lhe as dores. Um terceiro caminho pode expressar-se na parceria como se fosse um contrato de entreajuda. Essa forma já representa o início do reconhecimento da presença da outra pessoa que também tem direito de ser e reclama respeito pela sua expressão original. Esse contrato é a forma “legal” de garantir uma relação desejada prevenindo-se da tentação do hegemonismo de uma das partes. Porém, a solidariedade de comunhão vai além dessas experiências anteriores. Ela exprime a aceitação amorosa da alteridade, superando os pré-conceitos e discriminações e bendizendo o encontro das diferenças. Mais que uma feliz com-vivência, ela é iniciativa e empenho dedicado “para que a outra pessoa seja” (= realize-se, chegue ao máximo do seu potencial), assim como nós queremos ser. É o amor expresso na entrega gratuita, convicção grandiosa de quem se convenceu de lutar pelo resgate da vida fraterna, sempre. A necessidade vital de relacionar-se é ter a outra pessoa que lhe dá sentido à vida.
Nota – Como tudo na vida, as diversas formas de encontro não seguem uma lógica linear crescente, ao contrário, se entrelaçam, se repelem, se superam…
24 de São João, 2006.