Dada a evidente relação de nossa vida com o planeta terra – tema lançado pela Campanha da Fraternidade deste ano – é muito conveniente situar algumas interrogações levantadas por alguns sintomas preocupantes. Sobretudo os dois que a Campanha aponta: o aquecimento global, e as mudanças climáticas.
Essas interrogações apontam tanto para as causas destes sintomas, como para suas consequências. E em decorrência, claro, nos motivam para nossas responsabilidades, quando bem identificadas.
A dificuldade de precisar bem os fenômenos relativos ao planeta terra reside no fato elementar de que o planeta tem um tirocínio muito maior daquele que podemos alcançar com nossa existência humana. Mesmo ajudados pelos cientistas, enfrentamos ainda muita nebulosidade quando nos perguntamos sobre o que já aconteceu à terra, na sua longa trajetória de bilhões de anos. Não é fácil descobrir os segredos que ela guarda, e quais são seus procedimentos face ao fenômeno da vida, que ela carrega como seu apanágio mais importante.
Mesmo os cientistas não são unânimes em interpretar os indícios de fatos relevantes acontecidos em nosso planeta. Segundo estudos realizados pela Universidade da Califórnia, sob a coordenação do professor Anthony Barnosky, já teriam acontecido cinco grandes extinções na história do planeta. Elas teriam provocado o desaparecimento, no mínimo, de dois terços das espécies vivas então existentes. Considere-se, como fato evidente, o mais do que comprovado desaparecimento dos dinossauros.
A interrogação maiúscula é se existem indícios de que estaria próxima a sexta grande extinção em massa das espécies de seres vivos do planeta terra.
De acordo com estes cientistas, antes da presença da raça humana, a cada milhão de anos desapareciam duas espécies de mamíferos. Ao passo que só nos últimos quinhentos anos teriam desaparecido oitenta espécies de mamíferos, o que representaria uma aceleração preocupante, mesmo que a quantia represente proporcionalmente pouco, isto é, só um ou dois por cento das espécies.
Os próprios cientistas nos advertem que existe um enorme componente de incerteza nesses cálculos. Além do mais, como a extinção de espécies se dá de maneira irregular, olhar apenas um período mais curto, como, por exemplo, os últimos 500 anos, pode dar uma idéia errada das tendências a longo prazo.
De tal modo que estamos suficientemente alertados da inconveniência de tirarmos conclusões precipitadas ou alarmistas a respeito das condições de vida em nosso planeta terra. O que não nos isenta de estarmos atentos aos sinais inquietantes que podem ser detectados, dentro do âmbito do nosso alcance humano de averiguação e de comprovação.
Sobretudo, diante da acelerada exploração dos recursos naturais, levada a efeito a partir da recente revolução industrial, é evidente a necessidade de repensar o modelo de desenvolvimento implantado. Ele se caracterizou pela avidez em explorar os recursos da terra, como se fossem inesgotáveis. Ao passo que já ficou evidente quanto eles são limitados, e estão prestes a desaparecer, como por exemplo as jazidas petrolíferas.
Este fato, sim, nos oferece um panorama ao alcance de nossa comprovação humana. Em consequência, nossa responsabilidade pode ser medida pela capacidade que tivermos, como espécie humana, de mudar nossa maneira de usar os recursos do planeta, de modo a favorecer o equilíbrio vital na era em que vivemos, garantindo que continuem no futuro.
Por isto, a reflexão sobre o estado de vida do planeta nos leva a alguns consensos importantes, que precisam ser bem identificados.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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