Injustiça? O pior da injustiça não é o ato, a ação humana, voluntária – deliberada ou não – de causar o mal a outrem. O pior é a conseqüência em nós de tal atitude, pois tal corolário se traduz em um sentimento que invade e domina o nosso ser sem, ao menos, pedir permissão, ou depender da nossa vontade. E por que é assim? Porque somos humanos e, em certos momentos e situações emocionais vividas, não podemos dispor sobre o poder que sobre nós dispõe. É o mesmo que acontece com a paixão que é um outro sentimento que não nos pede permissão e que o nosso intelecto não é capaz de dominar. Os nossos sentidos, em situações como essa, viram reféns da convivência humana, de modo que, tranqüilamente, poderíamos dizer e tirar como ilação que são esses nossos sentidos que nos faz, ínsita e involuntariamente, um ser (à deriva do) social. Ah, se nós pudéssemos dispor sobre esses sentimentos que rasgam o nosso ser e nos atravessam do modo como os outros querem! What a pitty! Já sei: é a tal falibilidade humana – um atributo existencial de todo e qualquer ser humano.