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Era assim toda tarde.
Sempre que o sol esfriava os dois saiam para o quintal, para brincar debaixo das àrvores.
Quando os outros meninos sumiam ou estavam ocupados com outros afazeres, ela fazia companhia para o irmão e seus carrinhos.
Em poucos minutos o chão do quintal ganhava centenas de estradinhas que levavam para todos os lugares que a imaginação permitisse, só não para a lua, afinal ninguém nunca foi de carro a lua (ou foi?).
Às vezes ela ia meio que contra-vontade, reclamando baixinho ‘porque sempre eu? Porque ele não brinca sozinho? Melhor porque ele não procura algo pra fazer?’, mas quando ela via aquela carinha, seu jeito tão inocente ela acabava cedendo e descobria que era divertido estar com ele.
Eram os arquitetos do quintal, os construtores de estradinhas, os viajantes de mil e um lugares.
Não somente dois irmãos brincando, mas duas pessoas construindo sonhos e planos para depois do banho, como assistir televisão ou comprar bombons na esquina.
Ela sempre ouvia que meninas não brincavam de carrinho, que meninas brincavam com meninas e com as suas bonecas, mas isso pouco importava pra ela, o importante era que ela visse o tempo passar, se divertisse não importasse como.
Seu irmão era mais que um irmão era um companheiro que no seu jeito de menino fazia ela dar boas risadas.
***
É engraçado escrever sobre nossas brincadeiras com terra, vendo ele tão gigante como é e eu tão franzina.
Acho que me transformei em uma das minhas bonecas, já que fiquei tão pequenina e meu irmão esticou.
As coisas se inverteram.
Brinco de escrever e ele de ouvir música.
Não vamos para a lua, mas para lugares onde nos esperam nossas realidades, mesmo assim vez ou outra ainda compartilhamos do nosso faz-de-conta.
Obs: Imagem enviada pela autora.