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E comum ouvirmos falar das vantagens em se colocar um filho numa boa escola, de dar a ele certo nível de estudo, reforçado pela sabedoria popular de que “tudo pode ser tirado de alguém, menos o que se adquire de conhecimento”.

Dessa forma, é notório encontrar condições favoráveis para ingresso de estudantes, em especial no segmento universitário. Sob a forma de instituições de ensino, corporações empresariais viabilizam o acesso a cursos superiores, tornando a questão do aprendizado algo meramente mercadológico.

“O dinheiro é a medida de todas as coisas”

Vivemos num sistema cujo objetivo principal é a vantagem monetária. Grandes empresas têm se aventurado no promissor filão que é o ramo educacional. Assim, esse “comércio lucrativo” passou a ser responsável pela busca desenfreada por diplomas. “O dinheiro é a medida de todas as coisas e o lucro, seu objetivo principal”, sintetiza o pensador Paulo Freire.

A estrutura presente no ensino básico tem contribuído para o desenvolvimento de analfabetos funcionais, que são aqueles que têm dificuldade em se expressar por escrito suas ideias de maneira clara, ou deficiência na interpretação de textos.

Munido de uma bagagem escassa, o candidato encontra todas as facilidades ao ingressar num curso superior e, uma vez estudante universitário, tem “a seu favor” o objetivo da instituição: índice mínimo de reprovação. Aqueles que antes eram chamados de alunos adquirem o status de “clientes” e qualquer dificuldade de aprendizado e/ou aprovação pode levá-los a optar por uma concorrente.

Na relação com o professor, em caso de reprovação ou falta de compreensão de conteúdo, a culpa costuma recair sobre o docente, que se coloca numa posição defensiva, sendo comuns situações de assédio moral, injúrias, agressões e perda de autoridade. Com a inversão de papéis na importância hierárquica, ficam os professores sujeitos aos caprichos dos estudantes e, com a anuência dos pais, evidencia-se a máxima do “pagou-passou”.

O papel da família na Educação:

Devido à degradação de valores e imposições da modernidade, as obrigações profissionais fazem com que muitos pais se mostrem ausentes e acabam transferindo às instituições escolares toda a responsabilidade, que deveria ser iniciada em casa. A desmoralização da família, antes base para as demais relações, acaba repercutindo no meio educacional formal.

Os alunos chegam a considerar o espaço acadêmico como ponto de encontro e lazer, colocando o estudo num plano inferior. Dessa maneira, a juventude alienada tem origem na decomposição do núcleo doméstico, passando pela organização e qualidade de ensino deficientes, que resulta na visível decadência social.

Sem dúvida nenhuma, estamos vivendo um momento em que o conhecimento, que sempre foi objeto de grandes pensadores, tem sido relegado à simples mercadoria de consumo e fonte de receitas, para entidades com finalidades meramente comerciais. Uma possível solução seria a criação de cooperativas educacionais e a consequente valorização do professor. Porém, a política corporativista está vinculada ao interesse, responsabilidade e participação dos pais, que atualmente se abstém dessa empreitada.

A questão econômica tem sido a principal responsável por esse cenário preocupante. Pela sua dinâmica voltada ao binômio “produção e consumo”, interfere de maneira negativa na qualidade de vida familiar, influenciando em sala de aula. Destaque para a última frase do artigo: “Não podemos deixar que a flama do saber se converta na lama da ignorância”.

REFERÊNCIA: “Conhecimento à venda”, artigo de Renato Nunes Bittencourt, publicado pela revista “Filosofia Ciência & Vida” nº 78, em janeiro/2013.

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