Temos pela frente a Semana da Pátria. Neste ano ela encaixa bem no calendário, com o início simultâneo do mês e da semana. De tal modo que o 7 de Setembro coincide com o domingo, que assim se torna duplamente festivo.
Na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, ocorrida nesta quinta-feira que precede a Semana da Pátria, o presidente da República fez questão de ressaltar as novas perspectivas que se abrem para o Brasil diante das recentes descobertas de jazidas de petróleo, identificadas pela Petrobrás.
Elas vêm se somar às outras evidências que mostram como a natureza foi pródiga para com o Brasil. O próprio Hino Nacional expressa este sentimento que convida para a ufania patriótica, reconhecendo nosso país como “gigante pela própria natureza”.
Esta constatação foi facilmente inspirada pela contemplação da exuberância natural de nosso território, rico na sua superfície e no seu subsolo. Não bastasse isto, agora o país descobre que sua grandeza começa antes, no fundo do mar, em cuja superfície Cabral avistou o Monte Pascoal. Ele estava descobrindo uma nova terra. Mas havia outra descoberta a fazer, que Cabral nem podia sonhar e que agora a Petrobrás realiza, lançando âncoras bem mais profundas, encontrando uma riqueza insuspeitada, que ainda precisa ser resgatada.
Seja qual for a dimensão destas jazidas, precisamos convir que nosso país sempre foi privilegiado pela natureza, e agora pela conjuntura mundial. No momento em que o preço do petróleo sobe nas alturas, o país descobre que ele existe em abundância nas suas profundezas.
No contexto da Semana da Pátria, estas constatações nos desafiam a pensar no destino de nossa pátria. Como nação, no contexto mundial, temos uma evidente vocação para a grandeza. Ela precisa ser bem assumida, para não se transformar em motivo de irresponsabilidades, ou de incompetências.
O presidente Lula já sinalizou com lucidez os critérios que devem presidir a exploração dessas novas jazidas de petróleo. Elas são patrimônio de todo o povo brasileiro. E precisam ser colocadas a serviço do bem comum de todo o país. Em primeiro lugar para aprimorar o sistema educacional, que é o caminho melhor para cada brasileiro fazer a descoberta da riqueza que existe dentro de si próprio, e que somente pode ser explorada por cada um. Só quando a educação proporcionar a cada brasileiro a descoberta do seu valor e de sua grandeza este país será verdadeiramente grande, do tamanho que a natureza lhe reservou.
Aí vem a questão. A resposta à natureza e aos desafios que a história nos apresenta deve ser “tamanho Brasil”. Precisamos nos mostrar dignos da grandeza natural e histórica de nosso país.
Por isto, os índices que atestam nosso desempenho, nos diversos setores de nossa situação como país, precisam ter como referência a grandeza do Brasil. Não podemos dar respostas medíocres diante de possibilidades excepcionais.
A grandeza do país nos desafia para a grandeza de nossa realização nacional. Neste sentido, temos duas urgências a enfrentar: as desigualdades sociais e a responsabilidade ecológica.
Na citada reunião do Conselho nesta semana, a Fundação Getúlio Vargas apresentou índices promissores, que finalmente assinalam uma diminuição das desigualdades sociais no Brasil. Esta diminuição precisa ser acelerada. A desigualdade mostra que as riquezas não são bem distribuídas e, quando isto acontece, em vez de bênção, elas se tornam maldição, pois provocam simultaneamente a insegurança dos que têm e a desgraça dos que não têm.
Mas a superação das desigualdades não pode ser feita por um crescimento que provoque o desequilíbrio ambiental. Por sua grandeza natural, o Brasil tem claras responsabilidades ecológicas no contexto de nosso planeta. Elas precisam ser assumidas com determinação em nosso projeto de desenvolvimento nacional.
A grandeza do país nos convoca para a grandeza de propósitos, que a Semana da Pátria nos estimula a formular e a assumir. 04/09/2008
Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.